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terça-feira, 22 de outubro de 2019

SOCIOLOGIA - TERCEIRO ANO DO ENSINO MÉDIO - QUARTO BIMESTRE - AULA 04

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AULA 1 (EXPOSITIVA) – VIOLÊNCIA E DIVERSIDADE.

1) Marie Gouze, foi a primeira mulher humanista a entrar espectro feminista ao brigar pelos direitos das mulheres, contra a pena de morte, e contra a escravidão durante a Revolução Francesa. Foi executada pelos Jacobinos por conspirar contra a República que se seguiu a Revolução.

2) O Feminismo propriamente dito, enquanto movimento, historicamente iniciou com o movimento das Sufragistas. Mulheres inglesas que lutaram pelo Direito ao Voto no final do Século XIX.

3) O marco da luta das mulheres foi em 08 de Março de 1857 quando operárias da fábrica de tecido em Nova York deflagraram uma greve por melhores condições e mudança na jornada de 16 horas. A greve foi reprimida, a fábrica foi fechada com elas dentro e incendiada pela polícia. 129 operárias foram queimadas vivas. Virou o dia Internacional da Mulher.

4) Foi a partir das grandes manifestações de 1968 que as pautas identitárias (meio ambiente, feminismo, LGBT) tomaram os movimentos sociais e se replicaram pelo mundo. Simone de Beauvoir, escritora feminista tem uma frase célebre: “Não se nasce mulher, torna-se mulher”.

5) No mundo todos os regimes ditatoriais à esquerda e à direita reforçaram padrões patriarcais e reprimiram com violência todas as pautas identitárias, principalmente no início do Século XX. A chamada Contracultura, difundida a partir dos movimentos sociais de 1968, passou a combater a tradição machista e patriarcal reproduzindo novos valores.

SOCIOLOGIA - 2º ANO DO ENSINO MÉDIO - QUARTO BIMESTRE - AULA I

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AULA 1 (EXPOSITIVA) – SISTEMAS HISTÓRICOS DE PRODUÇÃO.


1) Taylorismo: Método de produção de Frederick W. Taylor, no início do Século XX, em que se separava planejamento e execução de atividade. Ele padronizava todas as etapas da produção, separava os trabalhadores e os repassava. Esse sistema permitiu o administrador controlar e intensificar o ritmo de produção, aumentando o lucro dos donos.


2) Fordismo: Aprimoramento da prática taylorista introduzindo a esteira de produção, criando alinha de montagem. Os trabalhadores especializados em uma única tarefa não se moviam, uma vez que a esteira trazia o trabalho até eles. A velocidade da produção era controlada pelo administrador da esteira, que aumentava ou não a velocidade da esteira conforme seus interesses. 


3) O modelo Fordista/Taylorista trouxe um aumento significativo de produção, mas gerou muita rotatividade, desqualificação educacional, muitos problemas de saúde. A premissa era de que o trabalhador era pago para executar e não para pensar, por isso descartáveis.


4) Atualmente o mundo do trabalho experimenta uma nova estrutura apoiada na flexibilização das relações de trabalho e dos processos produtivos, além da intensa utilização de tecnologia da informação.


5) A Globalização forçou a racionalização extrema das formas de produção visando a redução do custo, implicando na queda do nível e na qualidade do emprego para aumento da lucratividade.


SOCIOLOGIA - 1º ANO DO ENSINO MÉDIO - QUARTO BIMESTRE - AULA I


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AULA 1 – CONTROLE SOCIAL

1)      Controle Social: São os mecanismos que garantem a manutenção da Sociedade e possibilitam que ela permaneça unida e previsível aos olhos de quem faz parte dela. Podem ter como objetivo a manutenção da ordem e da harmonia social segundo uma visão Funcionalista, como podem ter como objetivo a manutenção da dinâmica social entre suas classes o que faz com que ela se movimente segundo uma visão materialista.

2)      Os mecanismos de controle social são as instituições sociais, os grupos sociais, as ações sociais, o status social e os papéis sociais com o objetivo de conduzir as ações individuais para fins previsíveis dentro da coletividade. Tudo que foge aos mecanismos de controle social é passível de sofrer sanção legal (punição pela lei) ou sanção social (punição social).

3)      Os agentes de controle social são aqueles que se valem dos mecanismos de controle social, agora classificados pelo que são, como Família, Escola, Igreja, etc, podendo chegar a individualidade como a figura do pai, da mãe, do amigo, do chefe, do pastor. Por isso não podem ser confundidos com as Instituições Sociais.

4)      Os agentes de controle social podem ser divididos em:
- Repressivos: Conjunto de órgãos e instituições que estabelecem o controle social por meio da repressão e até da violência como a Polícia, Forças Armadas e Judiciário.
- Ideológicos: Conjunto de órgãos que mantém o controle social com a disseminação de certas ideologias, padrões de comportamentos que atendem interesses de grupos dominantes.




quinta-feira, 29 de agosto de 2019

SOCIOLOGIA - TERCEIRO ANO DO ENSINO MÉDIO - AULA 04 - BIMESTRE III - 26 e 30 DE AGOSTO DE 2019

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AULA 4 – RELAÇÕES DE PODER E COMPORTAMENTO.

1) O lugar do homem e da mulher na sociedade determinam as diferenças sociais entre os estes indivíduos. Surgem daí, por exemplo, as relações de dominação com base no gênero, como o Patriarcado: Forma de organização em que as mulheres se submetem aos homens e os jovens aos mais velhos.

2) Graças a valorização do Indivíduo na Sociedade Moderna, cada vez mais há um choque entre as identidade consideradas pessoais e os comportamentos assumidos como padrões pré-estabelecidos e herdados em sociedade.

3) É comum ver o homem como arquétipo (figura) ligado ao poder e força, e a mulher a fragilidade e subordinação, mas isso não tem nenhuma comprovação biológica que a embase. Tudo isso é fruto do modelo de patriarcado ao qual estamos submetidos sem nos darmos conta. O patriarcado, contudo, passou a ser reconhecido e questionado a partir dos movimentos sociais identitários da década de 70.

4) A Divisão Social do Trabalho também é uma Divisão Sexual do Trabalho, sob essa ótica, que faz com que mulheres levem desvantagem nesse modelo patriarcal, ganhando menos do que os homens em qualquer atividade, comprovado estatísticamente. Tal diferença socioeconômica vem sendo duramente atacada por movimentos sociais, como manifestação explicita de formas de opressão: a familiar e do mercado de trabalho.

5) Os Estudos “Queer”: A questão LGBT produziu esse conhecimento sobre como a sociedade se comporta e reage em relação ao que ela denomina como “comportamento estranho”. Foulcault é um filosofo, por exemplo, que questiona o conceito de normalidade dentro da prática sexual usando dados históricos: Os gregos antigos não tinham uma palavra para definir o homossexual porque a prática homossexual não era considerada anormal, à época, por isso não precisava ser classificada. O Homem grego era livre do ponto de vista de sua prática sexual e isso não podava de forma alguma construção dos seus gêneros. Foi com a Reforma Protestante que as ideias de pecado e imoralidade marginalizaram práticas sexuais históricas, porque não "poderiam fazer parte" da chamada família tradicional burguesa.

6) Hoje em dia, a família patriarcal e a Igreja tem um peso muito grande na construção da identidade de gênero, umas vez que reproduz valores da família tradicional, e exclui tudo aquilo que não faz parte do considerado “normal”. Esse padrão cultural gera violência contra LGBTs, através da homofobia e transfobia, e contra Mulheres, através do feminicídio. 

SOCIOLOGIA - SEGUNDO ANO DO ENSINO MÉDIO - AULA 04 - BIMESTRE III - 30 DE AGOSTO DE 2019


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AULA 4 - O MUNDO DO TRABALHO PARA A SOCIOLOGIA.

1)      A palavra trabalho vem do Latim tripalium que se refere a um antigo instrumento de tortura, de forma que historicamente se conferiu valor negativo ao trabalho. Durante a Idade Média a Igreja perpetuou esse significado dividindo a sociedade entre os que guerreavam, os que oravam e os que trabalhavam. Na Idade Moderna o trabalho passou a ser visto como forma de dignificar o homem, com a ascensão das relações burguesas.

2)   Atualmente a precarização sistemática do trabalho e de todo os instrumental legal que é relativo aos direitos do trabalho como o crescimento da terceirização e do emprego informal gera incertezas.

3)      Os Sociólogos clássicos pensam o trabalho da seguinte forma:

- Karl Marx: O universo do trabalho ajuda a compreender a vida social. A divisão da sociedade em classes é espelho da divisão social do trabalho: Quem é o dono ou não dos chamados meios de produção tem o controle das relações de trabalho. Três coisas definem o trabalho: 1) Força de trabalho (humana), 2) Objeto de Trabalho (matéria-prima), 3) Meio de Trabalho (instrumentos). A mercadoria é produzida pelo trabalhador, mas é propriedade do "dono", este vende a mercadoria e fica com o lucro total, e só repassa ao trabalhador o valor da mão-de-obra dele, negando o lucro sobre a mercadoria produzida por ele. O nome disso é mais valia. A mais-valia é o mecanismo utilizado para obter lucro. Existem dois tipos: A absoluta e a relativa. O trabalhador não se dá conta disso, sendo submetido a uma alienação.

- Max Weber: Para ele o capitalismo e as relações de trabalho atuais tem origem na ideologia protestante religiosa. Ele dá uma interpretação cultural das relações de trabalho e do papel do trabalhador. O surgimento do protestantismo transformou o trabalho em um instrumento de salvação da alma. Dessa forma toda tentativa racional (trabalho) de se chegar ao lucro no Capitalismo tem subentendido uma forma de negação do prazer e das atividades impuras para se atingir a idealizada salvação. O trabalho é visto sob uma ótica religiosa pela sociedade. O trabalho passa a ser uma vocação. A diferença entre ricos e pobres no Capitalismo caberia a existência pessoal dessa vocação.

- Émile Drkheim: Para Durklheim, a intensa Divisão Social do Trabalho é essencial para manter a sociedade unida. O trabalho é o meio de consolidação da chamada solidariedade (elemento que harmoniza a sociedade e não nos joga de volta a barbárie) em qualquer sociedade, seja antiga, seja atual. Existem dois modelos de solidariedade: A mecânica, típica das sociedades antigas, ligadas as tradições, costumes, etc. E a orgânica, típica das sociedades modernas onde há maior divisão de trabalho e diferenças culturais entre indivíduos. Quando não há coesão social, ou seja, se a Divisão social do trabalho não faz a sociedade ficar harmônica, gera-se um período de anomia (ausência de regras). Segundo Durkheim, isso ocorre porque as Instituições Sociais (Justiça, Polícia, Estado, Igreja, etc.) não estão funcionando bem.


SOCIOLOGIA - PRIMEIRO ANO DO ENSINO MÉDIO - AULA 04 - BIMESTRE III - 30 DE AGOSTO DE 2019


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AULA 4 – SOCIALIZAÇÃO

1)      Socialização é o processo de transmissão de códigos culturais de um grupo social aos indivíduos que delem fazem parte, mais novos, integrando-os à medida que interiorizam as informações recebidas. Inicia-se com o nascimento e prolonga-se durante toda a vida, manifesta-se institucionalmente através da Educação. É a realidade vivida passada através da interação social na sociedade. Existem dois níveis de socialização:

- Socialização primaria: Feita através de contatos diretos, com alto grau de afetividade, dentro dos núcleos familiares em sua maioria.

- Socialização secundária: Iniciada no final da infância e continua por toda a vida. É feita por pessoas sem grau de afetividade, como no trabalho, escola, ou por instituições educacionais.

2) Os meios de comunicação hoje são considerados os agentes de socialização com mais influência, seguidos pelas chamadas instituições sociais tradicionais como a Família, a Religião, O casamento, a Escola, etc.

3) As Instituições Sociais não são estruturas materiais ou organizações sociais formais. Entende-se como padrões de comportamento, normas e ações sociais que se aplicam aos indivíduos. São amplamente aceitos e estáveis, criados para atender necessidades criadas por agrupamentos urbanos.

4) Grupo Social: Conjunto de indivíduos formado por meio de interesse, práticas e valores compartilhados como as famílias, os estudantes, os trabalhadores, etc. As tribos urbanas são exemplos de grupos sociais. Podem ser primários, quando os contatos são íntimos e afetivos, ou secundários, quando os contatos são impessoais e baseados em regras formais. Os intermediários são considerados um misto dos dois.

5) Interação Social: É o que promove as trocas culturais e mantém uma sociedade funcionando, é o conjunto de influências recíprocas desenvolvidas entre os indivíduos e entre estes e os grupos sociais. Podem ser de cooperação, competição (quando o outro indivíduo ou grupo é um adversário) e conflito (quando o outro indivíduo ou grupo é um inimigo).

6) Toda interação social que se produza na sociedade entende que os indivíduos ocupam determinadas posições de prestígio e poder diferentes, e se valem dessas posições para gozarem de privilégios e responsabilidades. Damos o nome de Status a esse fenômeno. Podem ser considerados: Legal (determinado por lei), Social (determinado fora da lei), Adquirido (determinado por mérito pessoal) e Atribuído (determinado por outrem).

7) A cada posição de status há maneiras de agir e de se relacionar socialmente, sujeito a sanções. O nome disso é Papel Social. Cada mudança de Status, mudam-se os papéis sociais.

Amazônia na guerra criptografada: bomba semiótica do "Sim!" e a vidraça quebrada, por Wilson Roberto Vieira Ferreira

 quarta-feira, agosto 28, 2019  Wilson Roberto Vieira Ferreira



Enquanto a esquerda “campeã moral” vive mapeando arrependidos que deixaram de apoiar Bolsonaro, a “esquerda namastê” (com luxuoso apoio do programa “Papo de Segunda” do canal GNT da Globo) comemora a “diluição da polarização” ao ver a atriz Maitê Proença nos protestos contra a queima da Amazônia, ao lado de Caetano Veloso e Sônia Braga. Desarmada intelectualmente, a esquerda não consegue decodificar a criptografia da atual guerra simbólica, dentro do redesenho da geopolítica do aquecimento global na qual a Amazônia torna-se o principal alvo dos países ricos. Com a questão ambiental tornando-se foco da grande mídia, as manifestações começam a dançar a música tocada pela Guerra Híbrida: a “bomba semiótica do Sim!” e a tática da “vidraça quebrada” – como criar consenso imediato numa estratégia de terra arrasada intencionalmente criada pelo Governo para a opinião pública aceitar no futuro a intervenção externa. Se quer vender a bomba, em primeiro lugar deve vender o medo. 

Causou repercussão nas redes sociais e blogs progressistas fotos e vídeos da atriz Maitê Proença em manifestações no Rio de Janeiro contra Bolsonaro e a destruição da Amazônia, ao lado de figuras como Caetano Veloso, Sônia Braga e Carlos Minc, ex-ministro do Meio Ambiente do governo Lula.
Maitê foi aquela atriz da Globo que invocou os “machos selvagens” para apear do poder a então presidenta Dilma Rousseff, além de franquear apoio à candidatura Jair Bolsonaro (“ele é autêntico”, dizia), além de ter sido cotada a ministra do Meio Ambiente pelo próprio capitão da reserva. Por isso, causou frisson ao aparecer em protestos ao lado de comunistas e progressistas.
Para aquela esquerda que se considera campeã moral, ela é mais uma arrependida tardia. Para a chamada “esquerda namastê” (cujo termômetro é o programa da GNT “Papo de Segunda” que estimula esse tipo de esquerdismo que a Globo adora), uma evidência positiva de que a polarização política do País estaria “diluindo”, como comemoraram nessa segunda o ator João Vicente e o filósofo Chico Bosco.
Mas o discurso da atriz no Instagram para justificar sua presença na manifestação foi emblemático: 
A marcha pela Amazonia foi linda! Foi de união. Foi solar e amorosa. O mundo repercutiu as imagens. Não havia a chatice binaria. O foco era a #Amazonia e era o planeta. Manifestantes gritaram suas palavras de ordem, como sempre acontece em qq ato popular. Pq o pensamento é livre, independente, e não tem so dois lados. As grandes causas precisam da voz de todos q se importam”. 
Como esse humilde blogueiro vem insistindo, Bolsonaro é previsível e está seguindo à risca aquilo que prometeu: “antes de construir é preciso destruir muita coisa”, vaticinou. O que é assustador é o misto de ingenuidade e teimosia da esquerda, intelectualmente desarmada para decodificar a guerra semiótica criptografada dentro da qual se encontra hipnotizada. 
Ainda está à espera de um Alan Turing capaz de quebrar o “Código Enigma” de uma guerra simbólica que embaralha eventos e informações num caos de dissonâncias que ocupa diariamente a pauta da grande mídia.


A viragem da grande mídia

Mas antes de voltarmos ao sintomático discurso da atriz global, vamos a algumas outras evidências.
Nesses oito meses de destruição sistemática guiada pela agenda econômica neoliberal, manifestações de rua contra a Reforma da Previdência ou em protesto contra os cortes na Educação resultaram apenas em “marolas” que apenas atiçaram as milícias digitais e a guerra culturalista da direita. 
Enquanto a oposição parlamentar sequer convoca o povo para ir às ruas.
Manifestações de rua pela “Educação” e contra “Reformas” são tidas como “partidarizadas” para a opinião pública. Porque organizado por organizações sindicais e estudantis.
 Porém, a guinada começou no dia 19/08 quando a tarde virou noite do Estado de São Paulo. Resultado do “rio voador” de fumaça soprada das queimadas amazônicas. De início, e como sempre, a grande mídia iniciou a blindagem dos acontecimentos relatando tudo como um fenômeno natural, dentro dos blocos de meteorologia e previsão do tempo dos telejornais. 
Até o instante em que o presidente da França Emmanuel Macron convocou os países do G7 para discutir a “emergência na floresta amazônica”.
Repentinamente, a grande mídia deu uma virada e transformou o tema na pauta principal das manchetes e escaladas televisivas. E passou a dar destaque às bravatas e retrocessos do discurso presidencial.

Tarde paulistana virou noite: para mídia, queimadas amazônicas eram um fenômeno meteorológico...

O curioso é que, apesar dos escândalos no Governo Bolsonaro crescerem em escala exponencial (denúncias de milhões de reais movimentados por laranjas do PSL, conexões dos filhos do presidente com milicianos suspeitos de matar Marielle Franco, nepotismo, enterro da Lei de Acesso da Informação, ataques a jornalistas, cala-boca no Coaf  etc.), parece que somente a questão da crise do meio ambiente (crise anunciada desde a campanha eleitoral e a nomeação do advogado Ricardo Salles para a pasta de Meio Ambiente) poderá ser capaz de se transformar em fator mobilizador de manifestações e protestos mais intensos.
E, somente, a partir do momento em que a grande mídia transforma a questão em uma agenda, a agenda ambiental.

A bomba semiótica do “Sim!”

E aí voltamos ao discurso da atriz Maitê Proença. Um discurso repleto de positividade com expressões como “solar” e “amorosa” oposta à “chatice binária” ou a questão ambiental que “não tem só dois lados”.


Estamos diante daquilo que em postagem anterior chamávamos de “bomba semiótica do Sim!” - estratégia linguística surge da tática da busca dos “temas globais de consenso”: temas de fácil adesão, porque ninguém pode dizer “não!”. Porém, são temas colocados de forma fragmentada, descontextualizada e, principalmente, despolitizada – clique aqui.
Falar sobre preservação do meio ambiente cria consenso instantaneamente na opinião pública. Quem pode ser contra a uma agenda tão “do bem”? Claro, Jair Bolsonaro!
E por que? O mandatário tem vários motivos, sejam ideológicos, midiáticos ou táticos dentro da sua estratégia de guerra criptografada.
Primeiro, porque arregimenta suas milícias físicas e digitais, sem falar nos 30% do eleitorado de extrema-direita que o apoiam incondicionalmente. Minoritários, mas capazes de fazerem muito barulho e atos violentos. 
Ser contra a agenda ambiental é lutar contra o politicamente correto e os globalistas, todos produtos conspiratórios da esquerda. Combater o “mi-mi-mi” ambiental é defender a pátria dos comunistas internacionais que pretendem colocar as mãos em nossas riquezas. Isso é o seu discurso para elevar o moral da sua tropa.
Segundo,  ocupar diariamente a pauta midiáticas com informações desconexas, contraditórias, com muitas idas e vindas: afirmar que as queimadas são naturais e que as fotos de satélites da NASA são manipuladas; depois admitir a catástrofe, mas que não aceita ajuda externa; depois admitir a ajuda financeira do G7, desde que Macron peça desculpas por ele ter supostamente ofendido sua esposa... depois, denunciar uma conspiração das ONGs  por deliberadamente tocarem fogo na floresta: “no dia em que eu demarcar as terras indígenas os incêndios acabam!”, acusa Bolsonaro.


A “vidraça quebrada”

Essas constantes mudanças têm um evidente tom criptografado que nos conduz ao terceiro motivo, tático: criar o efeito da “vidraça quebrada” – jogar a pedra na vidraça, sair correndo, bater na porta da casa atingida para vender um alarme anti-roubo. 
Em outras palavras: criar o fato consumado (a incapacidade de o País lidar com a questão amazônica) para, definitivamente, criar condições para a intervenção externa. Com o apoio da opinião pública, sob o efeito da explosão semiótica da bomba do “Sim!”.
Convém lembrar que há muito Bolsonaro vem defendendo a entrega da Amazônia para exploração a um país mais “competente”: os EUA – “hoje em dia a Amazônia não é mais nossa... pelas suas riquezas, biodiversidade... por isso devemos nos aproximar de países democráticos com poderio nuclear como os EUA... para explorar com parceria...”, afirmou em 2016 – clique aqui.
Também convém, mais uma vez, citar Paulo Nogueira Batista, economista ex vice-presidente do Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS:
O de abrir o flanco, no médio prazo, para uma intervenção estrangeira no Brasil. Isso pode soar alarmista (...) não podemos, de forma alguma, perder de vista a importância que se atribui no exterior à questão ambiental e, em especial, à Amazônia. E nessa atenção que a Amazônia recebe há uma mistura perigosa de preocupações legítimas, relativas a repercussões climáticas globais, com a tradicional cobiça das grandes potências pela vasta reserva de recursos naturais valiosos e crescentemente escassos que temos na região Norte do País. (“Brasil em Perigo”, Jornal GGN, 12/08/2019 – clique aqui).
No redesenho da geopolítica atual pela questão do aquecimento global, desde a guerra híbrida que atingiu o Brasil para a derrubada dos governos trabalhistas, o País vem sendo alvo preferencial dos interesses dos países ricos.
Principalmente quando sabemos que uma das decisões da recente reunião do G7 foi preparar uma Conferência Internacional sobre a Amazônia, a se realizar no outono do Hemisfério Norte.
Sob o discurso da soberania e da Pátria acima de tudo, o governo Bolsonaro é essencialmente entreguista. Como um militar que vive danaguerra, ele só pode existir e respirar numa atmosfera de permanente beligerância e mobilização. Por isso, ele e a elite que o apoia pela agenda neoliberal, nutre um profundo ódio pelo País. Que considera cronicamente inviável por razões históricas, étnicas, raciais e genéticas.


Por isso Bolsonaro somente governa para sua própria família, milícias e incita a radicalização para ter apoio das hostes do extremismo de direita. Ele adota a estratégia sobrevivencialista de terra arrasada: somente quer saber dos seus, porque o resto já está perdido.
Essa guerra criptografada não é um know how bolsomínio. Seria exigir demais da mentalidade da caserna nacional. É o modus operandi alt-right, diretamente vindo dos EUA. 
Enquanto a esquerda namastê e aquela que se acha campeã moral não perceberem que estão dançando a música tocada pelo clã Bolsonaro (a bomba semiótica do “Sim!” e a tática da “vidraça quebrada”), mais uma vez o tic-tac do mecanismo posto em ação desde as “Jornadas de Junho” de 2013 continuará preciso, sem falhas.
A esquerda deve, isso sim, aproveitar a oportunidade de um tema tão consensual como o meio ambiente ter sido colocado na pauta da grande mídia e politizar os discursos das manifestações para serem menos “solares” e “amorosos”.
A esquerda campeã moral até vislumbra a possibilidade de um impeachment de Bolsonaro pela absoluta improbidade administrativa do Governo lidar com a questão amazônica. Esse é o permanente wishful thinking paralisante da esquerda.
Talvez deveria prestar mais atenção ao que tem a dizer o grupo anônimo de ativistas franceses, o chamado “Comitê Invisível”: “Não se trata de derrubar um governo, mas de tornar um país ingovernável” – leia Motim e Destituição Agora – Comitê Invisível, N1 Edições – clique aqui
E deixar de sempre apenas falhar melhor.