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quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Uma nova Bastilha foi erguida em Brasília, por Fábio de Oliveira Ribeiro.


Foto Mídia Ninja
Uma nova Bastilha foi erguida em Brasília
por Fábio de Oliveira Ribeiro
No Brasil todas as revoluções são conservadoras. A proclamação da República foi uma vingança dos senhores que perderam seus escravos. A revolução de 1930 foi uma reação da direita ao avanço da esquerda sindical e do tenentismo. O golpe de 1964 destruiu o sindicalismo para acelerar acumulação de capital e excluir a população da política. O golpe de 2016 teve o mesmo conteúdo que o de 1964, com uma diferença: os militares eram nacionalistas e os golpistas devotam amor incondicional ao império norte-americano, a quem pretendem entregar tudo, o petróleo e as empresas que foram construídas com dinheiro público pelos brasileiros.
Desde que assumiu o poder Michel Temer renovou privilégios senhoriais que estavam ameaçados. Dividas fiscais bilionárias foram perdoadas. Os juízes continuam ganhando acima do teto, receberam aumento e, em breve, receberão auxílio-moradia retroativo com juros e correção monetária. As piranhas do Exército (filhas solteiras dos oficiais) não deixaram de receber suas pensões suculentas. O combate ao trabalho escravo foi interrompido. As piranhas do Congresso (filhas solteiras dos parlamentares) voltaram a receber pensões invejáveis. O TST liberou as demissões em massa sem interferência dos sindicatos.
Todo o peso do golpe é suportado pelos pobres. Os brasileiros perderam seus direitos sociais, trabalhistas e previdenciários. As novas relações trabalhistas são semelhantes às que existiam antes da escravidão e os processos contra os escravocratas se tornaram mais caros e duvidosos. A Ministra do Trabalho foi escolhida a dedo: ela foi condenada justamente porque violou a CLT. A moralidade deixou de ser um princípio basilar da atividade públicas.
Em 14 de julho de 1789 a queda da Bastilha simbolizou a destruição dos privilégios dos aristocratas franceses. Em 31 de agosto de 2016 a queda de Dilma Rousseff significou a reconstrução da Bastilha no centro da política brasileira. Isso explica inclusive porque a PF já está perseguindo as pessoas que desafiam o governo do usurpador e ameaça usar a Lei de Segurança Nacional para censurar a internet durante as próximas eleições.
Tudo está ocorrendo de acordo com o plano concebido pela CIA. Após ser recrutado pela Embaixada dos EUA, Michel Temer agiu como um espião do governo brasileiro. Empossado, ele destruiu o que restava da democracia brasileira com ajuda das oligarquias políticas e judiciárias. O processo de reconstrução do Brasil ainda não começou e certamente será doloroso, enquanto isso a pilhagem dos nossos recursos minerais, petrolíferos, aquíferos, territoriais e até tecnológicos (Embraer) segue de vento em popa.
O Exército se resignou a ser uma tropa de ocupação. A missão dele não é mais defender o Brasil de uma agressão externa e sim dar garantia, em última instância, de que os brasileiros não terão sucesso se reagirem à agressão sistemática que estão sofrendo. A candidatura Lula será inviabilizada. Se ganhar a eleição ele será impedido de governar por uma imprensa que é controlada pelo dinheiro estrangeiro e pela ambição dos barões da mídia de controlar a agenda pública do país para garantir lucros privados crescentes num ambiente de deterioração econômica inevitável.
A reconstrução da Bastilha, porém, não deixará de ter um custo. Sabemos exatamente quem irá pagar a conta: os inocentes sofrerão primeiro, mas a longo prazo os perdedores serão os juízes. Eles queimaram a última reserva de credibilidade que tinham. Nunca mais eles poderão desfrutar tranquilamente seus privilégios senhoriais. 

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