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terça-feira, 14 de novembro de 2017

O viés totalitário do povo brasileiro, por Luis Ruffato.


Manifestante pedem intervenção militar no país durante protesto no Rio de Janeiro em março de 2014

O viés totalitário do povo brasileiro


A candidatura de extrema-direita do deputado Jair Bolsonaro, que aparece nas pesquisas de opinião pública como forte nome para disputar um segundo turno das eleições presidenciais do ano que vem, seja contra o petista Luiz Inácio Lula da Silva, seja contra qualquer outro candidato, na ausência deste, deve ser pensada no contexto do viés totalitário da população brasileira. Para resolver o descalabro da corrupção do sistema político e para colocar um ponto final na decomposição do sistema de segurança pública, problemas complexos e de resolução a longo prazo, a população, de maneira geral, prefere o caminho mais fácil, e ilusório, do autoritarismo.

Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a sociedade brasileira, numa escala de zero a dez, atinge a altíssima nota de 8,1 no Índice de Propensão ao Apoio de Posições Autoritárias. A tendência é mais acentuada entre os menos escolarizados, os de menor renda, os mais velhos, os pardos, aqueles que habitam municípios menos populosos e os que vivem no Nordeste. Na curva etária, a faixa de 16 a 24 anos mostra-se mais inclinada ao autoritarismo do que as duas subsequentes (25 a 34 e 35 a 44 anos).

A mais recente pesquisa Datafolha, divulgada no início de outubro, mostra que Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro disputariam um segundo turno, com 35% e 16% das intenções de voto, respectivamente. É interessante observar que, na ausência de Lula, que ainda pode ter sua candidatura impugnada pela justiça, Bolsonaro poderia crescer justamente naqueles bolsões de autoritarismo apontados pela pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, anotados no parágrafo acima, e, curiosamente, onde Lula tem seu melhor desempenho.

O candidato da extrema-direita lidera no Norte (25%) e Centro-Oeste (23%) e Lula no Nordeste (57%). Bolsonaro consegue suas melhores intenções de voto nos municípios entre 200 mil e 500 mil habitantes e nos acima de 500 mil habitantes (nos dois grupos, 21%), enquanto o petista tem preferência maior entre os que moram em municípios de até 50 mil habitantes (45%). Por idade, Lula lidera em todas as faixas, enquanto Bolsonaro tem seu melhor desempenho entre jovens de 16 a 24 anos (24%).

Além disso, Lula tem maior aceitação entre os que estudaram até o ensino fundamental (49%) e possuem renda familiar de até dois salários mínimos (46%), enquanto Bolsonaro lidera em grupos de maior renda familiar (29% entre cinco e dez salários mínimos e 30% acima de dez salários mínimos) e com nível superior completo (21%). Segundo o Índice de Propensão ao Apoio de Posições Autoritárias, as pessoas mais ricas, que ganham mais de dez salários mínimos são aquelas que, proporcionalmente, mais rejeitam a ideia de ampliação dos direitos humanos e civis, como por exemplo, da população LGBT, das mulheres e dos negros. Nesse caso, o índice atinge 7,83 numa escala de zero a dez.

Uma pesquisa realizada pelo Fórum Econômico Mundial, que se reúne anualmente em Davos, Suíça, constatou que, entre os 137 países que compõem seu Índice de Competitividade Global, o Brasil ficou em último lugar no quesito “Confiança do público nos políticos”, ou seja, a nossa percepção de que lidamos com a pior classe de políticos do mundo é verdadeira. Quando passou por aqui, no começo de outubro, o ex-presidente norte-americano, Barack Obama, afirmou que a distância entre os cidadãos e o poder político é o combustível que alimenta o crescimento de movimentos nacionalistas e autoritários, e fez referência explícita ao caso do Brasil. O quadro que se pinta para o ano que vem não é nada alentador...

Um comentário:

  1. Olavo é um charlatão4 de dezembro de 2017 às 12:50

    O Bolsonaro se locupleta da total ignorância de muitas pessoas. E as vezes, pessoas bem nascidas mas que nunca tiveram paciência para ler um livro de história escrito por escritores de credibilidade. O que eu percebi, é que os papagaios do Olavo de Carvalho, o "mestre" e guru da extrema-direita, nem leem livros. E quando leem devem no mínimo folhear algumas páginas mas logo largar o livro por algum canto da casa. E o Olavo encontrou no Brasil um campo fértil para a disseminação das suas imbecilidades. Por exemplo, se não fosse o casal Nice e Leon do Coisa de Nerd, ninguém iria saber que o Richard J. Evans que o Nando Moura(outro bobalhão da extrema-direita e seguidor fanático do Olavo) tanto afirma que o autor do livro classifica o nazismo como sendo de "esquerda", na verdade ele afirma o livro inteiro que o nazismo era de extrema-direita e ponto final. Os Olavetes sabem da existência desse livro. Só que de duas ou uma. Ou leram o que de fato o autor escreveu, ou então deram uma de joão sem braço para não admitirem que estão sendo enganados pelo Olavo. E o pior é que o Nando Moura mesmo depois da lavada que ele levou do Coisa de Nerd continua afirmando que o nazismo era "um regime totalitário de esquerda". Essa é a hegemonia da direita. O Olavo cita livros mas ele omite o que de fato está escrito. E ainda inventa coisas que não estão escritas nos livros. E os caras acreditam nele. Não duvido nada que algum coxinha ainda deve estar alegando que o livro foi adulterado pelo Coisa de Nerd só para "tentar denegrir a direita". Eles são assim, a direita não admite a derrota nunca.

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