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terça-feira, 19 de junho de 2018

Fonte e checagem contra a desinformação, por Edgar Leite.

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Fonte e checagem permeiam o “mundo jornalístico” na produção de notícias desde sempre. Nos tempos atuais ganham ainda mais importância diante de um novo fenômeno no mundo digital da internet: as chamadas fake news — ou notícias falsas. Elas são a distribuição deliberada de desinformação e boatos por meio, principalmente, da internet. A intenção é enganar e obter vantagens, ganhos financeiros ou políticos, muitas vezes com manchetes sensacionalistas, exageradas e, mais grave, falsas.
O tema tem impactado o mundo jornalístico. Preocupa. Muito por conta dos seus efeitos danosos, sobretudo, na destruição de reputações. Diante disso, nunca foi tão importante fazer checagem. Aliás, o jornalismo se faz com checagem das fontes, conversas “olho no olho”, muitas vezes demoradas, com a confirmação de dados apresentados pela fonte. É simplesmente uma obrigação. Em um mundo cada vez mais veloz em que a internet exige que a notícia seja publicada “imediatamente”, segundos ou minutos após a produção (antigamente era um dia depois, nos casos dos jornais impressos), a prática de esmiuçar, “destroçar” algo que a fonte passou para ser publicada passa despercebida. Uma grande falha pode custar caro.
Sem fonte não há notícia. Sem checagem não há a possibilidade de descobrir “o mínimo de verdade”. Leon Sigal (1979) conclui que a notícia não é aquilo que os jornalistas pensam, mas o que as fontes dizem. Notícia sem fonte pode ser notícia? Notícia falsa pode ser notícia? Se é falso é notícia?
Há, sem dúvida, muitos questionamentos a fazer sobre esse tema polêmico. Para ser notícia exige checagem; notícia é algo novo, uma novidade. É a matéria-prima essencial do jornalismo. A divulgação se dá por critérios jornalísticos, daí a responsabilidade de quem a divulga. Portanto, se é falso pode ser tudo (qualquer nome que se queira dar ao fenômeno), menos notícia.
Combater as fake news é fundamental para o bem da democracia, do direito de “clarear a cena dos fatos” para que o cidadão possa tirar suas conclusões. É bem verdade que há uma discussão longa sobre imparcialidade (que pode não ser neutralidade) — mas que deixaremos para uma próxima discussão.
E quando se reconhece que é preciso ir contra as fake news devemos redobrar cuidados para “que a dose do remédio não seja tão forte que deixe o paciente ainda mais debilitado do que já está”.
Há uma linha tênue entre o desejo do combate e a possibilidade de um controle de conteúdos que pode se aproximar de censura, em alguns casos.
Há projetos de lei na Câmara dos Deputados que, se não forem bem avaliados, podem, de alguma maneira, prejudicar, no futuro, a liberdade de expressão.
É importante saber: o que é notícia falsa? Mais importante ainda: quem vai dizer se a notícia é falsa? Vamos transformar o cidadão em um juiz ou julgador? Ou vamos atribuir a entidades privadas ou públicas essa responsabilidade? Ou aos órgãos de comunicação?
Quem julga está livre de interesses futuros? Quem julga está isento de motivações econômicas e políticas?
Portanto, o assunto é cheio de controvérsias, repleto de polêmicas e questões que ainda teremos de responder. Por hora, é importante que o cidadão consiga ser um pouco “investigador”, ao ler algo na internet que não seja notícia.
Duvide dos exageros, do sensacionalismo. Veja se o que está lendo tem fonte primária, quem é o autor; se puder não leia somente o título (leia a matéria completa) e, antes de compartilhar, veja se o assunto está, por exemplo, em sites de notícias (pode ser feita pesquisa no Google).
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Edgar Leite Elegancia é jornalista formado pela UMC. É editor-chefe do Jornal Diário de Suzano. Mestre em Ciências Sociais Políticas (PUC-SP), especialista em Jornalismo Político (PUC-SP) com curso de extensão em Jornalismo e Políticas Públicas Sociais (ECA-USP).

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