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segunda-feira, 13 de março de 2017

ENTRIDENTES, por Malia Morgado (Poema)








        O diástema
Um beco,
A entrada por onde parei,
Por engano,
E fiquei, por tédio,
Ou encanto
(minto não saber a resposta)
Ali, uma porta.
Austera, densa, quatrocentona,
O chão de linóleo a brilhar,
Vítreo,
Como o olho enganoso da Fera.
Nas paredes, tuas faces cotidianas
Mal sentiram sua ausência.
Não notaram as fitas puídas
Das velhas medalhas,
Ah, velho capitão do mar,
Antigo herói polindo glórias-relíquias.
O diástema
Um portal,
Um arco de pedra marinha, onde sentei
Ignorando tuas molduras, teus simulacros,
Por raiva
Por gana
Ulisses, eu cantei,
Eu cantei,
Ulisses se afogue,
Eu não ligo mais, que se dane.

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