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quarta-feira, 15 de junho de 2016

Massacre em Orlando também não aconteceu, por Wilson Roberto Vieira Ferreira.


pouco mais de seis meses o “Cinegnose” afirmava que o atentado à casa de show Bataclan em Paris não havia acontecido. O mesmo agora ocorreu com o massacre na casa noturna LGBT Pulse, em Orlando, EUA. Claro que essa afirmação é uma alusão à tese do filósofo francês Jean Baudrillard de que eventos atuais como o atentado ao WTC em 2001 não “acontecem” por serem eventos prioritariamente destinados ao impacto no contínuo midiático. Pelas recorrências presentes nesses atentados (sincronismos, coincidências etc.), deixam de ser eventos “históricos” para tornarem-se narrativas que confirmam agendas de Estado e pautas prontas das redações da grande mídia. Em todos esses eventos repetem-se os mesmos “plots”: a mitologia do “lobo solitário” que era velho conhecido da inteligência; estranhas ligações com o governo; o suicídio (variando com a execução do atirador); depoimentos contraditórios; exercícios de simulação nas proximidades do atentado; além de pistas deixadas na cultura pop.


Os leitores mais assíduos do Cinegnose devem ter percebido que a busca de recorrências é o método preferido desse blog, seja no campo cinematográfico como também no estudo dos eventos midiáticos.

Acontecimentos tornam-se eventos midiáticos quando percebemos neles recorrências que caracterizam padrões ou a construção de uma narrativa.

Em muitas postagens viemos destacando o modus operandi da grande mídia na produções de notícias, tão invertida como a famosa pirâmide do método do texto jornalístico: repórteres vão a campo com uma pauta ou script pré-definido pelos seus editores e chefes de redação – fatos e depoimentos serão sempre índices ou evidências que confirmarão uma narrativa. O texto já está pronto. Resta ao jornalista preencher as suas lacunas.

 A grande mídia internacional, que a brasileira obedientemente replica, tem uma agenda e uma narrativa recorrente desde o 9/11 dos EUA: a guerra ao terrorismo internacional, mais precisamente o chamado “choque das civilizações” – Ocidente X muçulmanos.

Diversos sites alternativos (sejam os chamados “conspiratórios” ou os jornalísticos alternativos) vem apontando ligações suspeitas, recorrências e “coincidências” no massacre de Orlando. O que indicam que o atentado à casa noturna LGBT Pulse foi mais um evento midiático que reforçaria esta narrativa.

Por “evento midiático” poderíamos compreender desde um evento false flag, “trabalho interno” ou um cenário de terror propositalmente preparado para impactar o contínuo midiático e a opinião pública, reforçando o apoio a atual agenda do governo norte-americano da guerra ao terror.


Recorrências ou “plots”


Vamos mapear algumas dessas recorrências ou “plots” que tornam o massacre de Orlando (já rotulado pela grande mídia como o pior atentado desde 9/11), no mínimo, uma narrativa com peças que repetem tantas outras como o atentado da Maratona de Boston ou aqueles ocorridos na França no ano passado.

(a) O atirador e seu pai 


Como sempre, o atirador Omar Mateen era investigado pelo FBI, mostrando como estranhamente os serviços de inteligência parecem ter dificuldade de lidar com “lobos solitários”.

Omar foi interrogado três vezes em 2013 por suas supostas conexões com o ISIS e Taliban. Se Omar estava já há algum tempo no radar do FBI e sua vida era investigada, como foi possível planejar e executar o massacre? Segundo as notícias, ele circulava por parques como a Disney escolhendo o melhor lugar para cometer um atentado.  

Assim como os terroristas da casa de show Bataclan, em Paris, que também eram considerados “perigosos extremistas” e eram observados pela inteligência francesa.

As coisas começam a ficar mais esquisitas quando sabemos que Omar estava empregado em uma empresas de segurança britânica chamada G4S Plc desde 2007, firma que conta com clientes em mais de 100 países. Incluindo o governo dos EUA, desde os atentados de 9/11 – sim, ele tinha posse das armas que usou no atentado: uma AR-15 e pistola. Omar tinha uma licença para o trabalho de segurança na Flórida.

A G4S tem contratos com o governo de 89,3 milhões de dólares em 2015, providenciando segurança em aeroportos, prisões, instalações portuárias e transporte de dinheiro. Segundo o Chicago Tribune, o FBI não quis comentar se comunicava à empresa suas investigações sobre as atividades do seu empregado Omar Mateen.

As informações sobre o pai de Omar, Seddique Mateen, são um verdadeiro prato cheio para os teóricos da conspiração: ex-candidato às eleições presidenciais no Afeganistão, teve um encontro em 2015 com importantes membros do Departamento de Estado do Congresso norte-americano de acordo com o Independent Journal.

Pai de Omar em visita ao Departamento de Estado - foto postada no Facebook

(b) A mitologia do atirador solitário 


Outro elemento recorrente é a narrativa do atirador solitário que, embora sem treinamento militar, é sempre extremamente rápido, calmo e preciso. Sandy Hook, Aurora, San Bernardino etc. repetem a mesma história: são verdadeira máquinas de matar, precisas e frias. Nesse caso da casa noturna Pulse, os primeiros questionamento foram em torno dessa performance precisa onde um atirador consegue ferir mais de 100 pessoas, destas matando 50?

(c) Depoimentos contraditórios 


Isso conduz a um sintoma que denuncia o artificialismo da construção narrativa: testemunhos divergentes entre os sobreviventes – sobreviventes falam em apenas um atirador, enquanto outros relatam participações de outras pessoas.

O canal do YouTube DAHBOO 777 conseguiu gravar um flagrante em uma transmissão da emissora de TV Fox News. Um sobrevivente dava um depoimento ao vivo quando começou a revelar o mais importante detalhe na tragédia da Pulse: a testemunha dizia que “algumas pessoas” seguravam as portas, impedindo as vítimas de fugirem da casa noturna – veja o vídeo abaixo.


O testemunho da vítima foi imediatamente cortado e a testemunha retirada da transmissão ao vivo.

A SuperStation95 FM de Nova York reportou que outro sobrevivente, Janeil Gonzalez, viu no momento do ataque outros homens segurando as portas para evitar fugas. A emissora FM informou que esses depoimentos estão sendo sistematicamente cortados das redes de TV americanas.

Foi necessário a Swat abrir com explosivos, uma passagem para a fuga dos sobreviventes, além de matar o próprio atirador. A grande mídia não questiona o porquê disso: um homem segurou todas rotas de fuga?


(d) O atirador é morto ou se mata 


Outro elemento clichê dessa narrativa: no final o atirador comete suicídio ou rapidamente é morto pela ação dos policiais. Outra variação dessa fórmula é uma emocionante perseguição em alta velocidade transmitida ao vivo. Estranhamente parece que os serviços de inteligência não querem interroga-lo ou extrair dele mais informações que levem à descoberta da rede terrorista. Será por que essas informações, divulgadas pela grande mídia, levaria a eles mesmos?

(e) Exercícios de simulação na proximidade dos atentados 


Tal como no evento dos atentados de Paris, sempre na proximidade da tragédia há algum tipo de exercício de simulação onde policiais ou para médicos participam em situações análogas ao atentado que irá ocorre.

Recentemente em Orlando havia ocorrido um exercício de simulação de vítimas de atentado por atirador, a Conferência de Enfermagem de Emergência com socorristas do Gabinete de Orange County Sheriff e bombeiros. Os participante sabiam que fariam parte de um exercício de socorro, mas não sabiam que seria incluído uma simulação de evento com um atirador em massa – clique aqui e assista à matéria da Wesh2News.


(f) Pistas na cultura pop 


Aqui estamos diante de uma recorrência de natureza sincromística: muitas vezes envolve a representação do próprio incidente que teria ocorrido em um filme ou programa de televisão. Em outros casos, pode envolver a colocação visível ou mesmo imperceptível de detalhes aleatórios do ataque em filmes e na televisão. Por exemplo, no filme The Lone Gunman, um spinoff de curta duração da série Arquivo X mostra uma história onde um avião de passageiros era sequestrado por controle remoto e estava sendo levado contra as torres do World Trade Center. Em The Dark Knight Rises,  há uma referência muito curioso para Sandy Hook com um mapa de Newtown, Connecticut na parede.

Um evento trágico envolvendo a cultura pop foi uma sombria introdução ao que estava por vir: também em Orlando, na madrugada do sábado, a cantora Christina Grimmie (terceiro lugar no programa The Voice) foi assassinada após um show por mais um atirador solitário no momento dos autógrafos aos fãs... e que também teve o destino clichê: matou-se.

(g) Quem ganha? 


Para os especialistas em teorias da conspiração, essa é a principal pergunta a ser feita diante de uma Operação False Flag.

Seja um False Flag ou um Trabalho Interno, essas estratégias possuem duas funções: reforçar uma agenda pré-existente, além de ser uma tática diversionista.

 Imediatamente após o massacre em Orlando a grande mídia passou a concentrar o debate na polêmica do controle de armas e na homofobia, desviando da evidente demonização do bode expiatório que é o verdadeiro objetivo: a conexão natural entre islamismo e intolerância. O que reforça a agenda do chamado “choque de civilizações”, ideologia que legitima a política externa norte-americana.


Homofóbicos são covardes. Preferem atacar em bandos indivíduos isolados e acuados. A narrativa de um homofóbico fortemente armado entrando em uma casa noturna lotada para efetuar um massacre em massa foge totalmente ao perfil dessas pessoas.

Outros analistas falam que essa tragédia reforça o discurso racista e xenófobo do candidato republicano Donald Trump.

Essa é outra estratégia diversionista de busca de outro bode expiatório para a crescente intolerância na sociedade norte-americana, como se Trump fosse uma anomalia.

A agenda do “choque das civilizações” e as supostas Operações False Flag do século XXI são a verdadeira origem da escalada de ódio, promovida pelo terrorismo de Estado e não por “lobos solitários” ou candidatos aloprados com discursos “de direita”.

Observe na foto acima como os senhores da guerra exercitam seu voyeurismo acompanhando on line a caça e a morte de Bin Laden, excitados e tensos como acompanhassem uma jogada em um vídeo game. É a sala de guerra do terrorismo de Estado.

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