Mercedes
apressara-se para vê-la. Apreensiva, precisava falar com a prima. Por que
aquilo tudo acontecera? Daquele jeito? Largou o sobrinho aos cuidados das
parteiras e da irmã, pois o rosto de sua prima assaltava-lhe a memória todo
aquele tempo.
Não
agüentou andar apenas, correu. E logo, a mais encantadora das filhas de
Yolanda, entrou no quarto em penumbra onde uma senhora cuidava de uma menina
envolta em panos, desfalecida. O barulho da casa ficara imperceptível diante da
fragilidade de Mariana sobre a cama. Mercedes se aproximou e colocou o rosto do
alto em direção ao rosto da prima para que ela num relance a reconhecesse.
E ela a
reconheceu. Os olhos entrecerrados ganharam vivacidade.
Mariana
não conseguia mover o rosto. Mercedes ajoelhou-se, então, e diante da cama
segurou a mão da prima ainda gelada e suada pela febre.
A
senhora presente, com a mão leve tocou o ombro de Mercedes para que ela tivesse
mais cuidado. Mas mesmo assim a menina não se conteve e colou seu rosto na
bochecha de Mariana. Um beijo longo foi como lenitivo para ambas. Logo pequenas
gotas de lágrimas corriam o rosto das duas.
Mariana
não podia, mas não resistiu ao jeito pândego de Mercedes balbuciar em seu
ouvido “Maluca..”. Os olhos da jovem mãe arquearam em um sorriso não
seguido pelos lábios. Marcadas pela inconseqüência de sua pouca idade,
refizeram com o sorriso doído o pacto de amizade incólume, mesmo diante dos
riscos. Mercedes então ciente da atenção da prima disse-lhe ao pé do ouvido,
com um nó na garganta.
- Eu
vou cuidar dele. Ele é meu filho também...
Mariana
segurou a respiração.
Essa frase a perseguiu desde o nascimento de
João. E foi com certeza a expressão mais pura de bem-querer que ela ouviu na
vida, tão grande quanto o amor pelo seu próprio filho. Algo com o peso de um
juramento.
De lá
ouviu-se o primeiro choro do bebê João.
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