Por Joel Pinheiro da Fonseca
(Originalmente publicado na edição #4 da Revista Café Colombo)
Ouvi falar de Olavo de Carvalho pela primeira vez em 2004, indicado por um amigo no primeiro ano da faculdade. Foi uma descoberta revolucionária. Em seus artigos, Olavo desbancava, refutava, humilhava e xingava subintelectuais de esquerda badalados pela mídia. Denunciava grandes conspirações políticas em curso e exibia largo conhecimento de filosofia, política e religiões, fazendo referência a autores de que jamais ouvíramos falar. Era uma desforra contra o discurso oficial que dominava desde o ensino médio até a mídia e a política. Naquela época, Olavo era um articulista de jornal com alguma projeção no país. Desde então, por uma série de brigas, acusações e desentendimentos (que fazem parte de seu modus operandi), cortou vínculos com a mídia brasileira ao mesmo tempo em que, pela internet, expandiu sua influência.
Desde 2005 mora nos EUA, de onde escreve artigos online e textos para o Facebook (e para sua própria rede social, exclusiva para seus seguidores, chamada The Real Talk), além de dar um Curso Online de Filosofia (COF) para, estima-se, cerca de 2.000 alunos pagantes. É uma das vozes mais influentes na direita brasileira. Sua coletânea de artigos O mínimo que você precisa saber para não ser um Idiota vendeu mais de 100 mil exemplares. Entre admiradores, leitores e seguidores atuantes na direita nacional podemos citar Reinaldo Azevedo, Felipe Moura Brasil, Rodrigo Constantino, Bruno Garschagen, Flavio Morgenstern, Rodrigo Gurgel, Martim Vasques da Cunha, Lobão, Marco Feliciano, Jair Bolsonaro e Padre Paulo Ricardo. Nas grandes marchas da oposição que têm tomado o Brasil, não é raro ver cartazes com os dizeres “Olavo tem razão”, slogan do movimento que ele criou em torno de si mesmo.
Seja como pensador político ou como filósofo, Olavo está com tudo. Mas seria sua influência para o bem ou para o mal? Vale a pena examiná-lo mais de perto.
O Olavo político
Olavo vê a América Latina dominada pelo avanço do comunismo, processo arquitetado e conspirado pelo Foro de São Paulo, reunião de partidos e movimentos de esquerda cujas atas estão publicadas online. Agentes globais como a Fundação Ford, o Clube de Bilderberg e o bilionário George Soros, que servem a projetos de poder maiores, patrocinam o avanço do comunismo em nosso continente.
O PT é o maior agente do Foro de São Paulo no Brasil, e quer não apenas destruir a propriedade (a economia, aliás, é a parte menos importante do plano), mas subverter os valores e a cultura do país. Usando os métodos do teórico italiano Antonio Gramsci, a esquerda se infiltrou em todas as instituições e hoje controla a mídia, o entretenimento, as igrejas, as escolas e as faculdades. Vivemos sob o que Olavo chama de “marxismo cultural” – no lodo intelectual, cultural, estético e espiritual, e se deixarmos a elite esquerdista levar seus planos adiante, a próxima parada será o gulag.
Diante de tal cenário, Olavo propõe uma solução clara e consistente: um golpe militar para extirpar a esquerda do poder. Embora já tenha clamado pelo golpe nas redes sociais, prefere instruir seus seguidores a agirem com discrição e arquitetarem a intervenção por trás dos panos, junto às Forças Armadas. Felizmente, ninguém que o leva a sério parece ter muita influência nos centros de poder.
Na visão de Olavo, ser de esquerda não é ter uma posição política como outras. É ter uma “mentalidade revolucionária”, estar disposto a usar qualquer método para atingir seus fins e viver sob valores invertidos. Não há que se discutir com pessoas de esquerda; há que se combatê-las, posto que são ignorantes e perversas. Carregam uma espécie de doença espiritual.
Olavo reacende, em século 21, a histeria anticomunista do auge da Guerra Fria. A insistência na origem satânica do pensamento de esquerda, ademais, em nada se diferencia de sua velha contraparte marxista: a condenação de quaisquer ideias de direita como sendo “burguesas”.
Quanto à seriedade de suas opiniões políticas, uma passada rápida por afirmações recentes revela um sujeito desconectado do mundo real. Em 2014, por exemplo, afirmou que Denise Abreu seria a única política capaz de vencer Dilma nas eleições. Ela acabou perdendo a disputa para deputada federal. Na época da crise do ebola em 2015, afirmou que era parte do plano de Obama infectar o povo americano com o vírus. E em sua obra máxima, O jardim das aflições, diz com todas as letras que Fernando Henrique Cardoso só se elegeu por ter sido iniciado na maçonaria.
Apesar dos erros, Olavo tem a força de estilo, o carisma e a retórica para conquistar o público. Seus leitores e ouvintes assíduos tornam-se incapazes de avaliar racionalmente qualquer ideia que venha do outro lado do espectro, por estar envenenada de marxismo cultural. Aderem às mais irrisórias conspirações que circulam por correntes de WhatsApp e sites de notícia falsas, referências que o próprio Olavo já compartilhou. Adicione a isso doses de milenarismo católico (como as aparições de Fátima) e tem-se noção do nível de delírio.
Longe de coibir as manifestações de loucura e ignorância em sua página, Olavo as estimula. Deixo um exemplo. Em 04 de setembro de 2014, um leitor mandou esta mensagem a seu perfil público:
“Professor Olavo de Carvalho, não sei se está fora de contexto essa pergunta, mas hoje, na atual conjuntura pré-governo mundial, não está se formando um novo ecúmeno global no sentido Voegeliano? Não sei, posso está viajando, mas é incrível a similaridade do processo atual, guardado as devidas proporções e condições específicas de cada tempo, com o que se desenrolou no período compreendido de Alexandre o Grande até a Pax romana, estrutura na qual, Jesus entra na história e que o cristianismo se ‘serve’ para a sua rápida expansão. (…) O que o senhor acha?! Sinceramente, acho que à catálise derivará, articulando nesse contexto profecias bastante difundidas, talvez, quem sabe, cruzando os dedos, o tão preconizado tempo mariano!”
Ao que o professor respondeu, sapiencialmente: “Você está na pista certa”.
O Olavo filósofo
Apesar da influência, não é como analista político que Olavo quer firmar sua reputação, mas como filósofo. A imagem que ele cultiva é a do intelectual universal, estudioso recluso, profundo conhecedor do espírito humano. Por isso mesmo ele sempre enfatiza a importância da formação cultural, da literatura e de basicamente todo o corpus da filosofia ocidental. Essa credencial – ter lido extensamente – é usada como forma de “carteirada” para desqualificar interlocutores e desafetos. No Brasil, funciona.
Não há questão simples que não possa ser mistificada com apelos à história da filosofia ou das grandes religiões. Sem acumular a bagagem da erudição livresca não se tem “o direito” de opinar mesmo sobre questões políticas do dia-a- dia. Menos importante do que a substância de um argumento é o suposto estudo que o precedeu. Para muitos admiradores, estar com Olavo é receber o selo de sua própria alta cultura.
A substância do pensamento filosófico de Olavo é pouca. Primeiro, temos seus dois principais livros: Aristóteles em nova perspectiva e O jardim das aflições.
O primeiro é um livreto de 100 páginas em que se argumenta que, para Aristóteles, o conhecimento humano passaria por quatro estágios: poesia, retórica, dialética e lógica. Por carecer de referências detalhadas ao texto de Aristóteles, não serve como tentativa séria de interpretação – é, no máximo, o esboço de um projeto. O real objetivo, contudo, não é interpretar Aristóteles, e sim apresentar uma ideia do próprio Olavo sobre a alma humana e a história do mundo: a tese de que mesmo o conhecimento racional depende de um estofo imagético e simbólico, e que morre quando se distancia dele. A filosofia se confunde, em suas páginas, com a experiência religiosa. A frase final da obra resume bem: “a devoção ativa à suprema ciência, à sabedoria infinita, é a essência de toda verdadeira filosofia e de toda verdadeira religião.”
O volume, curiosamente, não termina aí. O leitor é ainda brindado com 150 páginas adicionais de discussão entre Olavo e um parecerista da revista Ciência Hoje, que rejeitara o texto. A regra infalível se verifica: ao fim, Olavo está tratando o tal parecerista como analfabeto.
O jardim das aflições, por sua vez, é um livro sem unidade, que vai de uma tentativa constrangedora de refutação de Epicuro, desmerecido como “hipnotista” (acusação que faria mais sentido se voltada ao próprio Olavo) aos perigos da Programação Neurolinguística, pseudociência já desacreditada quando o livro foi publicado. Também discorre sobre maçonaria, comunismo, correntes esotéricas, milenarismos. Supostamente, o tema central é o conceito de império no ocidente, mas, na prática, é pouco mais que a aplicação sensacionalista de teorias conspiratórias.
Quando aparece algum argumento filosófico, Olavo é incapaz de analisá-lo sobriamente. Há sempre uma cruzada espiritual por trás das linhas, uma batalha entre as forças do bem (representadas por ele próprio) e do mal (todos aqueles que, sem nem mesmo desconfiarem, o contrariam). Muito mais importante do que a precisão no uso dos termos é a escolha de descrições carregadas o bastante para trazer o leitor a seu lado e vibrar junto com o mestre.
Não obstante, consta que a obra escrita e publicada é uma fração pequena do corpus olaviano. A maior parte consiste de gravações de aulas, palestras e hangouts online, apostilas que circulam informalmente e publicações em redes sociais como Facebook, Twitter e na The RealTalk. Isso vem bem a calhar para o professor e seus seguidores, pois toda vez que alguém o critica é imediatamente rebatido com a afirmação de que não estudou sua obra completa (requisito que Olavo jamais segue para criticar a quem quer que seja). Como ninguém tem tempo de escutar milhares de horas de aulas gravadas, ninguém, salvo os discípulos mais fiéis, tem como criticá-lo.
Ainda assim, é possível traçar as teses básicas da filosofia olaviana. Em primeiro lugar, há a teoria psicológica das “12 Camadas da Personalidade”, pelas quais o indivíduo ascende até chegar ao nível máximo (entre os seguidores de Olavo é comum especular sobre qual nível tal e tal membro ocupariam). Há a “Teoria dos Quatro Discursos” – ou seja, quatro níveis de articulação pelo qual o conhecimento humano necessariamente passa. Por fim, há o conceito de “Paralaxe Cognitiva”, que significa a desconexão entre o discurso de um autor e sua experiência vivida.
A propósito, esse último serve como ferramenta multiuso para refutar qualquer autor. A dúvida metódica de Descartes, por exemplo, seria impossível. Olavo o sabe porque reconstruiu – mediante um processo de introspecção mais ou menos espiritual – a “experiência fundamental” do filósofo. Como tantos outros momentos de sua obra filosófica, é um jeito de se esquivar da argumentação e basear-se no peso de sua autoridade (intelectual, moral, espiritual), que é o suporte de seu castelo intelectual.
Olavo pode ser encaixado no grupo dos pensadores que veem a filosofia antes de tudo como uma disciplina espiritual. Para ele, filosofia é um modo de vida – uma disciplina espiritual – e não um conjunto de argumentos e análises. A verdadeira filosofia só pode ser observada in loco, assistindo a um filósofo (que deve ter, por sua vez, apreendido a filosofia de um outro filósofo) filosofar; o texto é uma fotografia morta de seu pensamento vital.
Por fim, Olavo atribui um valor desmesurado a alguns autores de sua predileção, que em muito supera sua relevância real para o pensamento. Nomes como Eric Voegelin, Mário Ferreira dos Santos e o Padre Stanislaus Ladusãns (iniciador de Olavo na filosofia) são alçados às alturas. De Mário Ferreira dos Santos, por exemplo, Olavo afirma que é “o único filósofo moderno que suporta uma comparação direta com Platão e Aristóteles”. Invariavelmente, a elevação de outros autores serve para reafirmar as atitudes centrais da filosofia de Olavo – a ênfase na experiência sobre a argumentação e o pensamento crítico; a conexão com uma ordem transcendente, sagrada e, portanto, inquestionável; e a confiança em sua própria autoridade.
Pode-se concordar ou discordar das teses de Olavo. Tive, inclusive, meu momento com ele: uma troca de artigos sobre a relação entre filosofia escrita e filosofia oral nas universidades medievais (seus artigos podem ser encontrados no livro A filosofia e seu inverso). Pode-se debater o mérito de Mário Ferreira dos Santos e de Eric Voegelin. O real problema reside em outro ponto: todas as teses servem à causa mestra de justificar o próprio Olavo e o culto a seu redor.
Olavismo como modo de vida
Estou convencido de que, na atuação de Olavo, a forma é mais importante que o conteúdo, e chega mesmo a substituí-lo. Olavo vende com maestria a imagem de sábio e de bravo defensor do bem para jovens sedentos de certezas. E, com a confiança que nele depositam, leva-os pela mão a seu mundo mental particular.
O olavismo é um simulacro de religião que segrega seus adeptos do mundo. Uma “religião” que é parasitária do cristianismo por ele pregado, e em especial do catolicismo, mas que poderia facilmente se moldar a outros credos. Todos os possíveis pontos de contato com visões diferentes são neutralizados.
As amizades devem se dar preferencialmente entre os seguidores. A verdadeira amizade é “querer as mesmas coisas” e, portanto, não há amizade possível entre alguém que busca os fins mais elevados da vida e da sociedade (os alunos de Olavo) e quem vive para fins mundanos ou mesmo perversos.
A universidade e o ensino formal são, no melhor dos casos, inúteis e, mais comumente, perversos. A formação em ciências e matemática é vista como um saber puramente técnico, enquanto as filosofices amadoras do mestre sobre o tema são alçadas à categoria de verdadeira sabedoria. Nas ciências humanas, nem é preciso dizer, o mundo acadêmico “normal” é terra arrasada, exceto quando algum desses acadêmicos “normais” elogia Olavo e sua obra, o que imediatamente o arranca da condição de acadêmico “normal” e o transforma num intelectual acima da média entre seus pares.
Recentemente, o homeschooling passou a ser uma bandeira empunhada pelos adeptos do olavismo. Independente da discussão sobre os méritos do ensino domiciliar, um efeito claro dele é que o contato da criança com pessoas alheias ao olavismo ficaria bastante restrito.
O bom aluno do Curso Online de Filosofia (COF) deve se abster de opiniões até que se encontre bem formado: momento sublime que, aparentemente, nunca chega. A lista de leituras (que começa com carga pesada de literatura, pré-requisito da filosofia) é grande. E quando parece que os alunos chegarão à terra prometida, quando irão finalmente debater os grandes temas filosóficos, surge uma nova preliminar: ler mais literatura, decorar melodias, ler livros à velocidade de um parágrafo por dia. O curso teve início mas não se sabe se terá fim. Certa vez, Olavo lançou a bravata de que 5 anos de COF bastariam para o indivíduo dominar o establishment intelectual brasileiro (promessa que, embora o prazo já tenha expirado em 2 anos, não se cumpriu).
Olavo fomenta o tipo de disciplina e sujeição mental que esperaríamos de uma seita sob o comando de um guru. São estimulados a acreditar em toda sorte de misticismo, milenarismo e disciplinas esotéricas como astrologia e numerologia. A intuição, o símbolo e a convicção são superiores ao argumento, à crítica e à lógica discursiva. Olavo passou por tudo isso em sua formação – tendo, inclusive, participado de uma seita iniciática islâmica –, o que nos faz pensar quantos dos métodos aprendidos nesse período – hoje repudiado – não seriam reproduzidos no COF.
Questionar e discordar são práticas coibidas ou, na melhor das hipóteses, desestimuladas. Chegou-se ao ridículo de inventar a “virtude” conhecida como “humildade metódica”, segundo a qual o aluno, mesmo quando lhe parecer que Olavo está errado em um ponto particular, tem a obrigação de guardar a impressão para si e de convencer a si mesmo de que o professor, ainda que pareça estar errado, “deve estar certo”, posto que tem acesso a um plano mais elevado da realidade. O aluno prefere duvidar da própria mente a questionar o mestre.
Tantos mecanismos de defesa protegem o COF de uma constatação óbvia: é um curso pífio, a mais exata definição pedagógica do sentimento hoje conhecido como “vergonha alheia”. Horas e horas de elucubrações, brincadeiras, repetições, divagações, voltas, platitudes, impropérios, beletrismos e imprecisões sem progresso. Fala-se um pouco da biografia de um filósofo, comenta-se a política do dia, volta-se ao filósofo sob um outro aspecto, faz-se referência a uma briga do Facebook e assim por diante. Não se vai a lugar nenhum, não se sai de lugar nenhum: ninguém sabe o que aprendeu. Peça a um aluno qualquer de Olavo que, em vez de o exaltar, em vez de expor em linhas gerais o que seria, em tese, sua obra, que aplique os conhecimentos filosóficos aprendidos na análise criteriosa de um filósofo ou de um problema, e veja o resultado. Mesmo assim todos saem embasbacados, sentindo que presenciaram algo profundo, de extrema qualidade.
Isso se explica. O real objeto dessas aulas não é uma tese ou obra filosófica, mas o espetáculo de ver o mestre em ação, filosofando em tempo real. Se transformado em texto, de fato, não sobra nada; perde-se o essencial, a pessoa que está ali falando. Pois nesse espetáculo pirotécnico de retórica e carisma, o conteúdo tende a zero para dar todo o espaço à única coisa que realmente importa: o próprio Olavo. Sua filosofia nada mais é do que uma mixórdia de racionalizações que facilitam a expansão do ego de Olavo sobre as mentes dos discípulos, que vão, passo a passo, sendo engolidas pela personalidade forte daquele que os guia, imitando-o até se tornarem cópias perfeitas.
Tudo em Olavo leva o aluno a se aferrar na autoridade e importância do mestre. Olavo destrói a autoestima de seus seguidores, substituindo-a pela devoção à sua pessoa. A dependência pessoal, a confiança exacerbada, a aniquilação do senso crítico em favor de uma visão supostamente mais profunda, o cultivo da admiração embasbacada. Em cada um deles, uma só conclusão: Olavo é o único canal seguro de contato com a realidade. E por isso a defesa tão aguerrida de seus seguidores. Se Olavo cair, isto é, se ficar patente que ele não é esse grande luminar do pensamento que lhes foi vendido, cairá o mundo dos discípulos.
Nesse contexto, é impossível ser neutro. Ou se presta reverência submissa ou se é inimigo. O eventual distanciamento nunca vem sem uma devida briga – em geral pública – seguida de excomunhão. Pouco a pouco, as pessoas mais inteligentes vêm se dando conta do truque e se afastando do mestre. O mal que sua legião de seguidores causa ao debate público, contudo, permanece.
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