O documentarista Michael Moore publicou na semana passada em seu site oficial um artigo intitulado 5 Reasons Why Trump Will Win (5 razões pelas quais Trump ganhará), no qual enumera supostas vantagens do magnata republicano sobre a candidata democrata, Hillary Clinton, na eleição presidencial de novembro nos EUA. “Eu disse a vocês que Trump ganharia a candidatura republicana, e agora preciso lhes dar uma notícia ainda mais terrível e deprimente: Donald J. Trump ganhará em novembro”, escreveu Moore na abertura do texto. “Nunca na minha vida desejei tanto que alguém prove que estou enganado.” O artigo foi amplamente compartilhado nas redes sociais.
O diretor, militante do Partido Democrata e um dos principais críticos da administração de George W. Bush, expõe em cinco pontos as razões pelas quais Trump será eleito presidente, apesar das suas polêmicas posições a respeito de migração, terrorismo e economia. A seguir, um resumo de cada ponto.
1. Um setor da classe trabalhadora o verá como um aliado. Moore diz que os Estados de Michigan, Ohio, Pensilvânia e Wisconsin verão em Trump uma esperança para a crise econômica que os assola há anos, depois de o candidato ameaçar punições fiscais a empresas que transferirem postos de trabalho para outros países. O cineasta compara o eleitorado dessa região com os britânicos que apoiaram o Brexit — em ambos os casos, pessoas endividadas, deprimidas e irritadas com a sua situação econômica. “Eles vão se convencer de que Donald Trump chegou para limpar a casa: não precisam estar de acordo com ele, não precisam ter simpatia por ele. É um coquetel Molotov para mandar uma mensagem a esses safados [políticos tradicionais]”.
2. É um homem branco. Trump, segundo Moore, também terá o apoio de um numeroso grupo de homens que veem como uma ameaça o crescente poderio das mulheres, gays e membros de outros grupos étnicos na política e na sociedade dos EUA. “Deixaremos que uma mulher nos governe por oito anos? Depois haverá gays e pessoas transgênero na Casa Branca. A essa altura haverá animais dirigindo ao país. Isto precisa parar”, escreve o cineasta, em tom sarcástico.
3. As políticas de Clinton. Moore diz que a candidata democrata não é sua primeira opção, nem a de 70% dos eleitores. A candidata, segundo o diretor, representa a velha guarda da política norte-americana e inspira desconfiança por suas mudanças de postura sobre temas cruciais, como o casamento igualitário. Moore acrescenta: “Seu voto a favor da guerra no Iraque me fez jurar que nunca votaria nela. Sei que ela vai nos meter em algum tipo de ação militar se ganhar as eleições. Só para evitar que um protofascista se torne o nosso presidente romperei minha promessa”.
4. Os simpatizantes de Bernie Sanders não estão muito convencidos do voto em Clinton. Embora muitos dos seguidores de Sanders manifestem apoio a Clinton, isso não significa que convencerão outros a votarem nela, argumenta Moore. “Os jovens [que apoiaram Sanders] não votarão em Trump, alguns votarão numa terceira opção, mas muitos ficarão em casa. Hillary Clinton terá que lhes uma ótima razão para obter seu apoio”, diz Moore.
5. Alguns votarão em Trump para mandar um recado. Para o cineasta, um setor da população poderia escolher Trump como uma espécie de aviso para o deteriorado sistema político nos Estados Unidos, que se nega a mudar. “A irritação com o sistema levará as pessoas a votarem em Trump, não porque estejam de acordo com ele, não porque gostem do seu fanatismo e do seu egocentrismo, simplesmente porque podem”.
O artigo de do Moore repercutiu em vários meios de comunicação dos EUA e do exterior. Outro texto do cineasta sobre Trump também chamou a atenção da imprensa e das redes sociais em dezembro de 2015. Naquele texto, intitulado We Are All Muslims (Somos todos muçulmanos), Moore repudia o candidato por seus comentários contra os seguidores dessa religião.
Não é a primeira vez que o diretor faz advertências sobre a vitória de um candidato republicano. Em 2012, ele afirmava que Mitt Romney ganharia as eleições presidenciais daquele ano. “A gente deveria começar a praticar a frase ‘Presidente Romney’”, disse ele numa entrevista ao site The Huffington Post. Assim como no seu ensaio mais recente, Moore comentou na época que, se fosse possível votar na sala de casa, o candidato democrata — no caso, Barack Obama – ganharia por uma ampla margem. Naquela ocasião, suas previsões falharam.
Nenhum comentário:
Postar um comentário