Das minhas mãos
Embebidas nesse líquido
Aveludado, carmim
- Como cortinas de um velho teatro
Em constante estreia –
Pari minha mãe,
Minha filha
Minha amante
Às vezes moles como peixe
Às vezes à fórceps
Neste líquido que cheira a ferro e à amora
Segurei suas mãos
Nas minhas
E algumas vezes senti só
Porque éramos duas meninas,
Mas também embalei o choro
Ofereci meu ventre
E descansei no colo
A contragosto de meus próprios braços
Em certas noites.
Em outras girei o móbile
No berço rubro
E dormi com a música
Enquanto rodavam pelúcias coloridas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário