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segunda-feira, 24 de setembro de 2018

CIRCADIANO (Poesia), por Màlia Morgado.

É lento o despertar.

Névoa nas vistas, cantos de resina.

Procrastinação em lençóis de incontáveis fios

De algodão … ou aranha.

Ah, é bom esticar na cama

Como um gato.

Mas quando julgamos ainda ser manhã

Vem a tarde e nos expõe, nus,

Na luz brutal, opressora. Nada a esconder.

Não tente. Deixe cair os braços.

O que queres tampar? Já está na cara.

E, assim que eles penderem como cachos e soltares o cabelo,

Virá surpreso o entardecer. Tudo assim fica mais belo: um jarro azul-gris

Derrama filamentos de ouro, sobre todos nós

E seduz. Goza o momento.

É breve, quando tocamos, fecha.

Lembra das dormideiras? Então…

Tem a fugacidade das tuas pálpebras.

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