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quarta-feira, 15 de junho de 2016

VENTRE, por ALEXANDRE MEIRA. (Poema)




Toma,


leva pra sempre um ventre



como agradecimento aos anjos,


pelos engrandecidos sonhos


jamais tidos.





Seremos alheios aos olhos


úmidos por gotas de fogo?


Mesmo à luz dos porões,


ante o covil dos medos?





Seremos gratos pelo que não temos.


Seremos poucas velas acesas.


Seremos poucas velas.





Pois um dia cairão nossos limites.





Não resistirão nossos pés calçados,


não saberão mais dos passos.


E carentes de chão


sentirão a terra como virgens:


Manhã de sol das novas crianças.





Agradeceremos então pelas mãos vazias,


nuas de nada, abertas e vivas.


Autênticas e intactas como flores retintas


pelos sangue dos olhos cegos em vida.



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