Às vezes a despedida
Não acontece na farsa da chuva leve,
Com pingos escorrendo, tragicômicos, na vidraça.
Ela vem na nudez do meio-dia,
Como um golpe de facão, a cintilar,
À vista de todos, numa segunda-feira banal,
Com cem mil testemunhas cegas, ensimesmadas,
Pisoteando distraídas esse corpo sem corpo,
Nas solas incontáveis, um resto de eu e você
Se expande pelas ruas
Até não nos reconhecermos,
Até degradar, até transmutar,
Elevando -se, átomo a átomo,
Partículas de ouro a contraluz,
Retornando ao Sol.
Editado em 18/04/2017
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