O mundo evoluiu nas últimas décadas numa velocidade cibernética, invadido de soluções incríveis, intuitivas, diretas. Num toque o mundo aparece na tela, e isso, se é natural para quem chega agora, não o é para quem viveu sem televisão e com luz de lâmpadas trêmulas.
Tenho uma foto de meu pai aos 9 anos, em 1917, empoleirado no encosto de um automóvel Packard, o primeiro a chegar dos Estados Unidos à cidadezinha onde morava. Bigodes de um tio virados para cima, mulheres de saias longas, paletós com cem botões e chapeuzinhos com rendas velando o rosto.
Parece que se passaram alguns milênios, e não cem anos.
O homem vem se livrando das tarefas fatigosas. Uma linha de robôs opera 24 horas durante 365 dias do ano, com meia dúzia de técnicos se alternando à frente de painéis infalíveis. Os robôs, programados de uma inteligência artificial, não recebem salários, não vão para casa, não se alimentam e, quando não prestam, acabam numa fundição. Eliminaram assim, na China, uma fábrica com 2.000 empregos.
Isso apareceu na palestra organizada pela Associação Comercial de Minas Gerais, que tratou o tema inteligência artificial. Sabemos que a inteligência não humana se instalou no controle remoto da tevê, no portão de casa, no elevador, nas formas de produzir pães e bebidas, de dirigir um carro, uma moto, um brinquedo qualquer. Tudo está sob a condução de uma inteligência criada no computador.
Na próxima década não haverá motorista para dirigir. Ônibus e caminhões elétricos sairão e voltarão para a garagem depois de atender as missões programadas. Balões sem tripulação levarão carga para qualquer território movidos por células solares.
No telão do auditório passaram imagens lúcidas e assustadoras, como assustador é o ranking das maiores empresas do planeta em 2001, com corporações do setor petrolífero e automotivo nas primeiras colocações; já em 2016, as mais valiosas e poderosas do planeta têm a inteligência artificial: Apple, Google, Microsoft, Facebook, Intel. Em comum, poucos funcionários, uma estrondosa receita e lucros nunca imaginados.
Hoje, duas toneladas de smartphones, que pesam cem gramas e custam US$ 1.000 cada, redundam no valor de um navio de 330 mil toneladas de minério, vendido por US$ 60 a tonelada. O valor de US$ 20 milhões de smartphones cabe com folga na barriga de um avião de passageiros, enquanto a montanha de minério precisa do maior navio cargueiro em circulação pelos mares do planeta.
A queda de valor da matéria se ampliará em relação à inteligência. Até porque os capitais drenados pela inteligência são fantasticamente superiores. Nos US$ 20 milhões de iPhones da Apple, deduzidas todas as despesas, deixam mais de US$ 15 milhões ao produtor. Do outro lado, o navio de minério renderá um proveito de cerca de US$ 4 milhões. Na ordem de geração de lucros, 1 milhão de toneladas brasileiras empatam com duas toneladas de inteligência digital.
Durante a palestra, em meu iPhone, calculei instantaneamente a sombria perspectiva num horizonte que não chega mais a ser belo como antigamente.
Embora não só de startups viverá o homem do futuro, restará para elas o controle do planeta.
De um lado se enxerga um Ícaro da tecnologia voando nas alturas e, do outro, um Sísifo da matéria em seu esforço malcompensado. Se para o primeiro será necessário conter a cota das ambições, para o segundo restará sua ingrata tarefa.
Nunca como agora a distância vem se abrindo entre países, estimulando um fluxo migratório que nem os muros no deserto conseguirão frear.
O Brasil, neste momento, pode se livrar de muita escória que freia sua evolução, uma parte está abandonando o país que vampirizou. O caso de Joesley Batista faz lembrar dom João VI, que, pressionado por Napoleão, carregou seus navios zarpando às pressas para o Brasil, deixando para trás um Portugal em frangalhos.
Êxodo, isso mesmo que o presidente da Codemig, Marco Antônio Castello Branco, em outra palestra em Tiradentes, lembrou apropriadamente. O Brasil, que não produz a inteligência artificial, vem perdendo a inteligência humana, pois 2,3 milhões de formados em nossas universidades evadiram, e apenas 400 mil aqui chegaram de fora, dispostos a enfrentar um país com seus 60 mil homicídios, contas e serviços públicos arrasados, burocracia demoníaca etc. Com recorde de corrupção e irresponsabilidade para extirpar, o Brasil investiu aceleradamente os lucros das últimas matérias-primas em Copas, Olimpíadas, transposições, pré-sal, que pouco, ou nada, deixarão de sustentável. Mas construiu fábricas, ferrovias, metrôs, hidrelétricas e portos em países que nunca honrarão os empréstimos do BNDES. Assim não dá.
O processo de desvalorização da “matéria” já era profetizado nos Vedas orientais, como no Apocalipse de são João, e vislumbrado na Grande Síntese de Pietro Ubaldi. Está se realizando, acelerado pela explosão da inteligência artificial.
Essa mesma inteligência mudará os costumes e o próprio homem. Ela o ajudará (apenas para uma parte) a dominar a “Energia Pura” (do filme homônimo)? Sobrarão Ló e sua família, enquanto sua mulher se transformará em sal por ter-se atrasado saindo de Sodoma.
Certamente, a história está se precipitando, e o mal, apenas aparente, poderá ser o bem de nosso futuro.
Tenho uma foto de meu pai aos 9 anos, em 1917, empoleirado no encosto de um automóvel Packard, o primeiro a chegar dos Estados Unidos à cidadezinha onde morava. Bigodes de um tio virados para cima, mulheres de saias longas, paletós com cem botões e chapeuzinhos com rendas velando o rosto.
Parece que se passaram alguns milênios, e não cem anos.
O homem vem se livrando das tarefas fatigosas. Uma linha de robôs opera 24 horas durante 365 dias do ano, com meia dúzia de técnicos se alternando à frente de painéis infalíveis. Os robôs, programados de uma inteligência artificial, não recebem salários, não vão para casa, não se alimentam e, quando não prestam, acabam numa fundição. Eliminaram assim, na China, uma fábrica com 2.000 empregos.
Isso apareceu na palestra organizada pela Associação Comercial de Minas Gerais, que tratou o tema inteligência artificial. Sabemos que a inteligência não humana se instalou no controle remoto da tevê, no portão de casa, no elevador, nas formas de produzir pães e bebidas, de dirigir um carro, uma moto, um brinquedo qualquer. Tudo está sob a condução de uma inteligência criada no computador.
Na próxima década não haverá motorista para dirigir. Ônibus e caminhões elétricos sairão e voltarão para a garagem depois de atender as missões programadas. Balões sem tripulação levarão carga para qualquer território movidos por células solares.
No telão do auditório passaram imagens lúcidas e assustadoras, como assustador é o ranking das maiores empresas do planeta em 2001, com corporações do setor petrolífero e automotivo nas primeiras colocações; já em 2016, as mais valiosas e poderosas do planeta têm a inteligência artificial: Apple, Google, Microsoft, Facebook, Intel. Em comum, poucos funcionários, uma estrondosa receita e lucros nunca imaginados.
Hoje, duas toneladas de smartphones, que pesam cem gramas e custam US$ 1.000 cada, redundam no valor de um navio de 330 mil toneladas de minério, vendido por US$ 60 a tonelada. O valor de US$ 20 milhões de smartphones cabe com folga na barriga de um avião de passageiros, enquanto a montanha de minério precisa do maior navio cargueiro em circulação pelos mares do planeta.
A queda de valor da matéria se ampliará em relação à inteligência. Até porque os capitais drenados pela inteligência são fantasticamente superiores. Nos US$ 20 milhões de iPhones da Apple, deduzidas todas as despesas, deixam mais de US$ 15 milhões ao produtor. Do outro lado, o navio de minério renderá um proveito de cerca de US$ 4 milhões. Na ordem de geração de lucros, 1 milhão de toneladas brasileiras empatam com duas toneladas de inteligência digital.
Durante a palestra, em meu iPhone, calculei instantaneamente a sombria perspectiva num horizonte que não chega mais a ser belo como antigamente.
Embora não só de startups viverá o homem do futuro, restará para elas o controle do planeta.
De um lado se enxerga um Ícaro da tecnologia voando nas alturas e, do outro, um Sísifo da matéria em seu esforço malcompensado. Se para o primeiro será necessário conter a cota das ambições, para o segundo restará sua ingrata tarefa.
Nunca como agora a distância vem se abrindo entre países, estimulando um fluxo migratório que nem os muros no deserto conseguirão frear.
O Brasil, neste momento, pode se livrar de muita escória que freia sua evolução, uma parte está abandonando o país que vampirizou. O caso de Joesley Batista faz lembrar dom João VI, que, pressionado por Napoleão, carregou seus navios zarpando às pressas para o Brasil, deixando para trás um Portugal em frangalhos.
Êxodo, isso mesmo que o presidente da Codemig, Marco Antônio Castello Branco, em outra palestra em Tiradentes, lembrou apropriadamente. O Brasil, que não produz a inteligência artificial, vem perdendo a inteligência humana, pois 2,3 milhões de formados em nossas universidades evadiram, e apenas 400 mil aqui chegaram de fora, dispostos a enfrentar um país com seus 60 mil homicídios, contas e serviços públicos arrasados, burocracia demoníaca etc. Com recorde de corrupção e irresponsabilidade para extirpar, o Brasil investiu aceleradamente os lucros das últimas matérias-primas em Copas, Olimpíadas, transposições, pré-sal, que pouco, ou nada, deixarão de sustentável. Mas construiu fábricas, ferrovias, metrôs, hidrelétricas e portos em países que nunca honrarão os empréstimos do BNDES. Assim não dá.
O processo de desvalorização da “matéria” já era profetizado nos Vedas orientais, como no Apocalipse de são João, e vislumbrado na Grande Síntese de Pietro Ubaldi. Está se realizando, acelerado pela explosão da inteligência artificial.
Essa mesma inteligência mudará os costumes e o próprio homem. Ela o ajudará (apenas para uma parte) a dominar a “Energia Pura” (do filme homônimo)? Sobrarão Ló e sua família, enquanto sua mulher se transformará em sal por ter-se atrasado saindo de Sodoma.
Certamente, a história está se precipitando, e o mal, apenas aparente, poderá ser o bem de nosso futuro.
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