Dessa vez não recitarei
as mesmas cantilenas ao pastor
nem deitarei os erros ao abate
como ovelhas corridas à toque de sino
Dessa vez, não.
Quem mais gritaria pelo corpo das putas?
ou as tangeria sob à luz de becos maculados?
Quem seria Savonarola arrependido
por não ter gozado na alcova
da arte nascida do corpo oprimido?
Fazer queimar quem ateia o fogo
é para quem quer fazer pura
a água que já nasce limpa.
Quem negaria às ovelhas que nossa alma é feita de sangue?
Até que assolados por todas as memórias
ouvirão o grito de horror da nua intimidade,
pois o fio da navalha sempre gelará o rebanho
que morrerá aos berros por ter de morrer sempre.
Saiba que o doutrinador nunca adormece seus próprios sonhos
assim como a doce vestal esfrega o lençol entre as pernas.
Cansei de servir ao escapulário.
Não que houvesse mágoa,
mas quero o cordeiro de olhos bem abertos.
Despregado e sem cerimônias,
para que possamos beber uma cerveja.
E colocar em prática nosso eterno plano
de implodir sob chamas
o cadafalso do Campo dei Fiori.
Nenhum comentário:
Postar um comentário