Manhã escura hoje
prematuramente sóbria
pra
quem escreve
como
quem conta piadas.
Mas eu talho sempre
as mesmas anedotas
as mesmas anedotas
mal acabadas,
recém abreviadas,
venereamente
inoculadas
no útero do primeiro raio
de sol.
de sol.
Não houve parto
e a grávida acordou com frio
coberta pela nebulosa úmida
e a grávida acordou com frio
coberta pela nebulosa úmida
tal qual saliva virou véu
na minha janela,
na minha janela,
Ela vem e
implora piadas
implora piadas
com
um assobio,
minuano grávido de sorriso
ora aborto condensado no vidro
do meu cativeiro vil de auroras.
do meu cativeiro vil de auroras.
Além do torpe sadismo
alheio a dor do parto,
o horizonte nega seu firmamento
em forma de tormenta
precipitando cristais de gelo.
Torrente aurora,
chia-me baixo como se risse
de mais uma piada ruim
até embaçar de vez esse viveiro,
negando luz ao prisioneiro,
e esfriar o peito materno
carente de sol como acácia.
em forma de tormenta
precipitando cristais de gelo.
Torrente aurora,
chia-me baixo como se risse
de mais uma piada ruim
até embaçar de vez esse viveiro,
negando luz ao prisioneiro,
e esfriar o peito materno
carente de sol como acácia.
Congela assim este feto
como imagem sem sentido
numa janela escura,
tal frasco de vidro
que é a poesia.
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