qua, 16/01/2019 - 16:53
Atualizado em 16/01/2019 - 16:59
Aos Fratricidas, por Jean Pierre Chauvin
Seria rematada pretensão supor que esta postagem fosse lida por mais
que uma ou duas dezenas de internautas. Isso porque não devo ser
professor de qualidade. Não apareço na "grande" mídia. Mal recebo
incentivos pecuniários por eventuais palestras sobre literatura,
história e outras matérias de perfumaria. Não publico um livro para gourmetizar lugares-comuns a cada seis meses.
Mas, acima de tudo, até de Satã, o Estado-Violência, o
Estado-Hipocrisia de "Justiça" seletiva ainda não me cooptou, ops,
convidou para justificar genocídios, defender terraplanismo, armamento
(assim como a lei?) "para todos". Apesar de não ser gente de renome,
creio que possa expressar o que incertas coisas me parecem.
Sucursal miserável dos EUA, o Brasil tornou a ser o que não deixara
de ser, desde 1822: terra arrassada, terra de ninguém. Aqui, os três
poderes de Montesquieu quase sempre se misturam. E o poder que, talvez
proviesse dos céus, fingiu que é perfeitamente razoável ir contra tudo o
que Lutero defendia no início do século XVI.
A comercialização de indulgências fica a cargo de "missionários"
(melhor dizer "mercadores") da fé, instalados em templos faraônicos. A
reaproximação entre as esferas da crendice e do pseudoEstado fica por
conta de gente que não ultrapassou o limiar de protozoários, bestas (não
me refiro ao quadrúpede) que nem o livro Apocalipse conseguira descrever.
No que se refere às leis, trocamos as Ordenações Filipinas (de 1603)
pelo arbítrio de carreiristas que não se importam em associar a sua
imagem, já questionável, a sujeitos que odeiam e gritam com o povo que
fingem amar.
A destruição do Estado é chamada de "reforma", substantivo que
transfere para o que restou da classe média, e para os mais pobres, a
responsabilidade de salvaguardar os salários indecentes, mil, duas mil
vezes maiores que o salário, efetivamente, abaixo do mínimo para
sobreviver.
Em seu papel de "formadoras" de "opinião" - numa terra em que não se
faz conta de cabeça, não se juntam palavras que façam sentido, e onde
não se cultiva nem palavra impressa, nem há preocupação com a qualidade
do que se diz - as emissoras de rádio e televisão escoam a ideologia do
patrão, do empresário, do distinto PJ.
Também aprendemos que a responsabilidade da crise é nossa (foi o que
li numa revista para empreendores, ontem, 15 de janeiro): "A crise está
dentro de você". Deve ser muito gratificante alçar a si mesmo como
megaindivíduo supremo e "bem-sucedido", numa terra de trânsito, loteada
por latifundiários, pistoleiros e falsos profetas e lotada por
miseráveis.
A solução, é evidente, está em mais câmaras de segurança (copiadas da
China), mais rastreamento via celular, mais armamento para acabar com
qualquer hipótese de discussão. Terra arrasada, não demora o dia em que
proporão um novo hino nacional, a celebrar as listras que enfeitam a
bandeira dos EUA - imitada, há décadas, pela província de São Paulo.
Ora, se não? Amém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário