Não sei se também para você leitor, mas para mim manifestações neonazistas (fascistas, de maneira geral)
são absolutamente incompreensíveis, por vários motivos, sendo, talvez, o
principal deles a dificuldade que tenho de aceitar a ideia de que o ser
humano é por natureza perverso. O problema é que dia a dia os fatos vêm
esfregar em nossa cara que, por mais que caminhemos, voltamos sempre ao mesmo lugar da barbárie de onde saímos.
Basta um mínimo descuido da inspetora da civilização para revelarmo-nos egoístas, xenófobos, racistas, machistas, exclusivistas, nacionalistas, sexistas. Todos esses adjetivos, aliás, convergem para o mesmo sentimento de intolerância em relação ao outro, seja o outro mulher, homossexual, negro, indígena, judeu, muçulmano, estrangeiro, imigrante, pobre ou, simplesmente, alguém que não pensa exatamente como nós e que, portanto, não reconhecemos como pertencente à nossa tribo.
A demonstração de força dos neonazistas norte-americanos em Charlotteville, na Virgínia, no dia 11, que resultou na morte por atropelamento intencional de uma mulher que protestava contra os supremacistas, é chocante, não só pelo número de pessoas envolvidas – “centenas”, segundo as agências de notícias, sem especificar quantos –, como também pela participação de mulheres e crianças que, unidas aos homens, jovens e adultos, gritavam palavras de ordem contra “negros, judeus, gays e imigrantes”. Vários afirmavam sua filiação ao ideário nazista e muitos seguravam tochas e vestiam capuzes – símbolos da Ku-Klux-Klan –, em perfeito acordo com as pregações racistas e antissemitas de Richard Spencer, criador do Alt-Right, Direita Alternativa, grupo que conta com representantes no governo de Donald Trump, incluindo o estrategista-chefe da Casa Branca, Steve Bannon. Trump, aliás, concluiu, após cinco dias de meditação, que “ambos os lados” têm culpa pelo confronto...
Inacreditável também é saber que, por meio de uma campanha de crowfunding na internet, um grupo supranacional de extrema-direita chamado Geração Identitária, que reúne militantes da França, Itália e Alemanha – que tem até página em português –, arrecadou dinheiro suficiente para comprar um barco, o C-Star, que neste momento navega pelas águas do Mar Mediterrâneo à caça de botes infláveis e embarcações vindas da África, com o objetivo de impedi-las de abordar as costas dos países europeus levando refugiados, se preciso usando a força.
A intolerância, sob qualquer aspecto, é injustificável, pois contraria a própria noção de cultura, patrimônio civilizacional construído a partir das experiências comuns. O conceito de supremacia – seja ela étnica, religiosa, de gênero, de nação – é fruto da estupidez de quem desconhece a trajetória do ser humano sobre a Terra. E, em particular, o ressurgimento do ideário nazista é realmente nefasto, porque ressuscita um cadáver que julgávamos enterrado, e bem enterrado, responsável direto pela maior catástrofe da história da Humanidade, a Segunda Guerra Mundial, cujas cenas pavorosas estão disponíveis a qualquer pessoa na internet.
Recapitulando: entre 1939 e 1945, os conflitos entre aliados e
supremacistas (os países do Eixo: Alemanha, Itália e Japão) deixaram
mais de 50 milhões de vítimas (a maioria civis) – e seis milhões de
judeus foram mortos em campos de concentração nazistas e outros cinco
milhões foram assassinados por serem homossexuais, ciganos, portadores
de deficiências físicas ou mentais, comunistas, anarquistas ou
simplesmente opositores. E a guerra terminou com o advento da bomba
atômica, que arrasou duas cidades japonesas, Hiroshima e Nagasaki...
Como a estupidez não tem fronteira, aqui mesmo, nessas plagas tupiniquins, temos visto o crescimento da extrema-direita, encarnada pelo deputado federal Jair Bolsonaro – o mais votado do estado do Rio de Janeiro –, entusiasta da tortura, inimigo público do que chama de maneira genérica de “comunistas”, e que deseja ser um presidente “honesto, cristão e patriota”. Seu filho, o também deputado federal Eduardo Bolsonaro, postou, no ano passado, uma fotografia em que aparece, junto com dois amigos, portando armas de fogo, tendo ao fundo uma bandeira criada no século XVIII pelos confederados escravocratas e usada pela Ku Klux Klan e pelos supremacistas brancos. Este Eduardo Bolsonaro é o mesmo que apareceu em cima de um carro de som, durante as manifestações pelo impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff na avenida Paulista, portando uma pistola na cintura. Já seu irmão, Carlos Bolsonaro, vereador mais votado da cidade do Rio de Janeiro, postou em seu twitter, em 11 de setembro de 2014: “Condicionar o bolsa-família às cirurgias de laqueadura e vasectomia é estancar a ferida econômica e ainda combater a miséria e a violência”. Essa prática tem nome, eugenia, e era muito popular entre os discípulos de Adolf Hitler...
A barbárie bate à nossa porta.
Basta um mínimo descuido da inspetora da civilização para revelarmo-nos egoístas, xenófobos, racistas, machistas, exclusivistas, nacionalistas, sexistas. Todos esses adjetivos, aliás, convergem para o mesmo sentimento de intolerância em relação ao outro, seja o outro mulher, homossexual, negro, indígena, judeu, muçulmano, estrangeiro, imigrante, pobre ou, simplesmente, alguém que não pensa exatamente como nós e que, portanto, não reconhecemos como pertencente à nossa tribo.
A demonstração de força dos neonazistas norte-americanos em Charlotteville, na Virgínia, no dia 11, que resultou na morte por atropelamento intencional de uma mulher que protestava contra os supremacistas, é chocante, não só pelo número de pessoas envolvidas – “centenas”, segundo as agências de notícias, sem especificar quantos –, como também pela participação de mulheres e crianças que, unidas aos homens, jovens e adultos, gritavam palavras de ordem contra “negros, judeus, gays e imigrantes”. Vários afirmavam sua filiação ao ideário nazista e muitos seguravam tochas e vestiam capuzes – símbolos da Ku-Klux-Klan –, em perfeito acordo com as pregações racistas e antissemitas de Richard Spencer, criador do Alt-Right, Direita Alternativa, grupo que conta com representantes no governo de Donald Trump, incluindo o estrategista-chefe da Casa Branca, Steve Bannon. Trump, aliás, concluiu, após cinco dias de meditação, que “ambos os lados” têm culpa pelo confronto...
Inacreditável também é saber que, por meio de uma campanha de crowfunding na internet, um grupo supranacional de extrema-direita chamado Geração Identitária, que reúne militantes da França, Itália e Alemanha – que tem até página em português –, arrecadou dinheiro suficiente para comprar um barco, o C-Star, que neste momento navega pelas águas do Mar Mediterrâneo à caça de botes infláveis e embarcações vindas da África, com o objetivo de impedi-las de abordar as costas dos países europeus levando refugiados, se preciso usando a força.
A intolerância, sob qualquer aspecto, é injustificável, pois contraria a própria noção de cultura, patrimônio civilizacional construído a partir das experiências comuns. O conceito de supremacia – seja ela étnica, religiosa, de gênero, de nação – é fruto da estupidez de quem desconhece a trajetória do ser humano sobre a Terra. E, em particular, o ressurgimento do ideário nazista é realmente nefasto, porque ressuscita um cadáver que julgávamos enterrado, e bem enterrado, responsável direto pela maior catástrofe da história da Humanidade, a Segunda Guerra Mundial, cujas cenas pavorosas estão disponíveis a qualquer pessoa na internet.
Como a estupidez não tem fronteira, aqui mesmo,
nessas plagas tupiniquins, temos visto o crescimento da extrema-direita,
encarnada pelo deputado federal Jair Bolsonaro
Como a estupidez não tem fronteira, aqui mesmo, nessas plagas tupiniquins, temos visto o crescimento da extrema-direita, encarnada pelo deputado federal Jair Bolsonaro – o mais votado do estado do Rio de Janeiro –, entusiasta da tortura, inimigo público do que chama de maneira genérica de “comunistas”, e que deseja ser um presidente “honesto, cristão e patriota”. Seu filho, o também deputado federal Eduardo Bolsonaro, postou, no ano passado, uma fotografia em que aparece, junto com dois amigos, portando armas de fogo, tendo ao fundo uma bandeira criada no século XVIII pelos confederados escravocratas e usada pela Ku Klux Klan e pelos supremacistas brancos. Este Eduardo Bolsonaro é o mesmo que apareceu em cima de um carro de som, durante as manifestações pelo impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff na avenida Paulista, portando uma pistola na cintura. Já seu irmão, Carlos Bolsonaro, vereador mais votado da cidade do Rio de Janeiro, postou em seu twitter, em 11 de setembro de 2014: “Condicionar o bolsa-família às cirurgias de laqueadura e vasectomia é estancar a ferida econômica e ainda combater a miséria e a violência”. Essa prática tem nome, eugenia, e era muito popular entre os discípulos de Adolf Hitler...
A barbárie bate à nossa porta.
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