“Primaveras”,
“levantes”, “jornadas”, “protestos”, não importa o nome. Egito, Ucrânia, Síria,
Brasil: em todos eles, a mídia corporativa viu os acontecimentos sob a
narrativa do “espontâneo”, do “novo”, da “renovação na política”. E sempre pelo
mesmo viés: a “velha política” não conseguiria dar mais conta das
insatisfações, principalmente dos jovens. O roteiro de todas essas “primaveras”
é praticamente idêntico (ONGs e fundações educacionais dando apoio financeiro e
operacional, jovens lideranças formadas em universidades dos EUA, faixas e
cartazes em inglês, vítimas em manifestações principalmente femininas,
vazamentos oportunos do Wikileaks etc.) sugerindo algo como uma receita de bolo
com ingredientes bem definidos. Propaganda,
branding management, técnicas avançadas de psicologia de massas fermentam toda
essa “espontaneidade” com objetivos geopolíticos bem definido contra o
governo-alvo. Mas não conte para a esquerda – afinal, tudo não passa de “teorias
conspiratórias”.
Em uma sequência do filme MIB – Homens de Preto o agente Kevin
(Tommy Lee Jones) introduz o novo agente James (Will Smith) na Organização.
Kevin para em uma banca de jornais e folheia um tabloide sensacionalista.
“Vamos ver os relatórios”, diz diante do incrédulo agente James. Percebendo a
estranheza do pupilo, Kevin explica: “são as melhores fontes do planeta... às
vezes também se encontra algo no New York Times”.
Tão previsível e clichê como o último
atentado em Barcelona (sempre com a mesma narrativa ao mesmo tempo fatal e
enfadonha que caracterizam os “não-acontecimentos”, “false flags” e “inside Jobs”)
são também as “revoltas populares” ou “primaveras” que nos últimos anos
pipocaram em países como Jordânia (2013), Egito (2013), Ucrânia (2014), Georgia
(2003), Hong Kong (2014), Síria (2012), Tunísia (2010), Líbia (2011) e,
finalmente, Brasil (2013-16).
O modelo desses “levantes populares” de
protestos desse século estão lá no século passado como a “Primavera de Praga”
na Checoslováquia em 1968 ou a chamada “Revolução de Veludo” no Leste Europeu
em 1989.
Previsíveis e com uma narrativa tão fixa e
recorrente que falar sobre isso sempre faz o locutor ser rotulado de “sensacionalista” ou
“teórico da conspiração”. Mas, principalmente as esquerdas, deveriam seguir o
conselho do agente Kevin: há mais verdades nas maquinações conspiratórias e sensacionalistas do que na séria Ciência Política.
“Primaveras”, “levantes”, “jornadas”,
“protestos”, não importa o nome. Em todos eles, sempre a cobertura midiática
relata os acontecimentos sob a narrativa do “espontâneo”, do “novo”, da
“renovação na política” ou, como no recente giro de “primaveras” pelo planeta,
do papel das novas tecnologias digitais (redes sociais e dispositivos móveis)
nesse processo. E sempre com o mesmo viés: a “velha política” supostamente não
conseguiria dar mais conta das insatisfações, principalmente dos jovens.
A cilada do “novo”
E as esquerdas e intelectuais acabam sempre
caindo nessa cilada do “novo”. Por exemplo, durante as “jornadas de junho” em
2013 esse humilde blogueiro assistia, incrédulo, professores da ECA/USP rumando
para a Avenida Paulista para sentir, de dentro das manifestações, o irromper do
“novo” na política brasileira, que a supostamente carcomida política
tradicional não conseguiria enxergar.
Por isso, as esquerdas parecem evitar
discutir esse assunto: uma guerra híbrida da geopolítica dos EUA por trás das “primaveras”? Isso é “teoria conspiratória!”,
“sensacionalismo!”, teme a esquerda, talvez preocupada em ser levada à sério
para ganhar espaço em colunas e entrevistas na mídia corporativa e não ser confundida com "chavistas" ou "bolivarianos".
E toca a fazer “autocrítica” dos supostos
“erros de avaliação” por não ter dado “respostas” ou informações “na hora
certa” para a opinião pública.
Agentes políticos surgem do nada, em geral
vindos de alguma universidade norte-americana e turbinados por alguma ONG ou fundação
financiada por algum empresário brasileiro com preocupações na área da
“educação”. Enquanto isso, a esquerda ou patina nas incansáveis auto-avaliações
(lembrando as impagáveis sequências das reuniões da inerte e burocrática Frente
de Libertação contra a dominação romana do filme A Vida de Brian do grupo Monty Python) ou joga fora jovens
lideranças com origens na própria esquerda.
Então,
esse Cinegnose vai dar uma humilde e
didática contribuição descrevendo uma receita para criar o bolo das revoluções populares
híbridas, diretamente inspirada nas chamadas “teorias da conspiração”.
Se o agente Kevin estiver correto, as
melhores fontes de informações do planeta estão nos tabloides
sensacionalistas... mas não conte para a esquerda!
Receita para fazer uma Revolução Popular Híbrida (RPH)
Ingredientes:
- Toneladas de dólares da CIA, MI6 e/ou George Soros e/ou irmão Koch
- Empresários nacionais financiadores de Fundações, principalmente em áreas de Educação e Meio Ambiente
- Grupos nacionais de defesa de “Direitos Humanos” ou “Pró-Democracia”
- Jovens universitários idealistas e aspirantes libertários facilmente manipuláveis
- Faixas profissionalmente confeccionadas e escritas em inglês
- Agentes provocadores violentos para ação direta – black blocs ou policiais infiltrados (P2)
- Jornalistas corrompíveis ou chantageáveis
- Políticos corrompíveis ou chantageáveis
- Acadêmicos corrompíveis ou chantageáveis
Modo de preparação
Passo 1
Despachar
agentes da CIA, de ONGs turbinadas por George Soros e/ou irmãos Koch para a
nação alvo. Eles poderão facilmente se passar como estudantes de intercâmbio,
turista, ativista comunitário, jornalista, empresário, diplomata. O que importa
é ser criativo.
Passo 2
Inicie
ONGs no país-alvo. Use pretextos humanitários como “Pró-Democracia”, “Direitos
Humanos”, “transparência” ou “Liberdade de Informação”. Contate empresários
brasileiros que financiam fundações, principalmente na área educacional.
Aquelas organizações com ideais altruístas como “formar gente boa que capacita
jovens para mudar o Brasil” ou “comprometida em formar líderes no País”.
Baixando
do céu das boas intenções e colocando em prática na Terra, essas organizações
tornam-se úteis para ter em mão aqueles “jovens idealistas” (vide ingredientes)
no bolo final da Revolução Popular Híbrida. Essas organizações acabam dando
cobertura para descontentes locais e idealistas ingênuos.
Passo 3
Recrutar
a rede de traidores nacionais – alvos intelectuais, políticos e acadêmicos e,
se possível, militares. Suborno é uma boa maneira para formar essa rede. Se não
for suficiente, chantagear aqueles que têm alguma mancha na sua vida privada ou
profissional é a solução mais drástica.
Agora
estamos prontos para começar a cozinhar!
Passo 4
Escolha
um tema cativante ou cor para sua Revolução Popular Híbrida (RPH). Revolução
Laranja (Ucrânia), Primavera Árabe (Egito, Tunísia, Líbia, Síria), Umbrella
Revolution (Hong Kong), Revolução Verde (Irã). No Brasil tivemos uma
interessante combinação de temas: “Jornadas de Junho” ou “Manifestações dos 20
centavos”.
Faça
um verbete na Wikipedia sobre o tema
e crie perfis nas redes sociais. Revolução é uma questão de marketing.
Passo 5
Lance
sua revolução como um “protesto espontâneo”. Use aqueles agentes da CIA (aqueles
sob identidade de “estudantes de intercâmbio”, “jornalistas” etc.) e os
ativistas e “novos líderes” das ONGs.
Proteste
contra alguma coisa do tipo “violações de direitos humanos”, “fraude
eleitoral”, “governo corrupto” ou “Saúde e Educação Padrão FIFA”. Pouco importa
se as alegações são verdadeiras. O que importa é criar paixões, polarizações e
o inevitável efeito de manada.
Nesse
momento descobrirá a importância daquelas fundações educacionais que formam
“líderes para o futuro”: por exemplo, no Brasil a Fundação Estudar, criada pelo
empresário Jorge Paulo Lemann, financiou e deu apoio operacional ao Movimento Vem
Pra Rua.
Iranianos orientados pela CIA para protestar contra "eleições roubadas" |
Passo 5.1. (opcional)
Em
certos casos Wikileaks pode dar uma ajuda a sua RPH através de “vazamentos” de
segredos embaraçosos sobre personagens-chave dentro do governo-alvo.
No
caso do Brasil, a “Carta Aberta ao Povo Brasileiro” do funcionário dissidente
da NSA, Edward Snowden, denunciando que a agência dos EUA teria espionado
e-mails da presidenta Dilma e Petrobrás só aumentou a temperatura da fritura do
governo-alvo: virou prova da fraqueza de uma presidenta à beira do abismo.
Passo 6
Estenda
suas faixas “espontâneas” e cartazes de protesto escritas em inglês nas
manifestações. Afinal, é necessário ganhar a simpatia da opinião pública
internacional e, principalmente, dos políticos norte-americanos.
Irã - Brasil |
Passo 7
Adicione
aos seus agentes e líderes políticos em tempo integral que, a essa altura, já
ganharam espaço na mídia corporativa (alguns até ganharão coluna fixa em
jornais e internet), acadêmicos e universitários aspirantes a uma geração
globalizada e “antenada”.
Isso
vai engrossar a fileira de manifestantes, incluindo descontentes, pessoas com
queixas legítimas, desinformados que acabam seguindo a manada ou simplesmente
gente entediada que não tem coisa melhor para fazer.
Passo 8
A
essa altura a grande mídia norte-americana e europeia já está retratando a sua
RPH como “popular”, “espontânea” e “renovação política” . Uma reação natural à
tirania, ditadura, corrupção ou fraude do governo-alvo.
Agora
que o mundo está assistindo, encene um incidente. Se você não conseguir
encontrar algum fanático que ateie fogo contra si mesmo, simule uma atrocidade.
Sangue falso, gás lacrimogêneo ou simplesmente fotos encontradas na Internet.
Certifique-se que a vítima seja mulher.
Por
exemplo, no Brasil pegou bem o episódio de mulheres salvando cães beagles
cobaias em um Instituto farmacêutico em São Roque/SP em 2013: mulheres de
classe média salvando animaizinhos em meio a fogo e quebradeira de black blocs.
Claro, para jogar a culpa no Governo e Anvisa (Agência Nacional de Vigilância
Sanitária) – clique aqui.
Ou
o fusca incendiando com uma família dentro (marido, esposa e filhos) pegos “de
surpresa” em uma manifestação em São Paulo.
Ou
ainda os “lindos olhos amendoados do anarquismo” (Caetano Veloso) das fotos de
black blocs femininos, capas de revistas nacionais.
Transforme
black blocs em editorial de alguma revista moda feminina. Algo assim como o
ensaio fotográfico da atriz Bárbara Paz.
Mas
avise aos seus agentes para não olharem ou rirem para as câmeras. Como
aconteceu nos atentados terroristas false
flag em Berlim e Paris – em plena cena de tragédia, a câmera pegou
policiais rindo e conversando descontraidamente até perceberem que estavam no
enquadramento. Para de imediato ficarem em alerta e correr para algum lugar
apontando armas.
Ou
o caso da iraniana Neda Agha-Soltan (intitulada pela grande mídia “o anjo da
liberdade”) checando o ângulo da câmera enquanto aplicava sangue falso em si
mesma.
Blogueiras
que inacreditavelmente conseguem wi-fi
no meio de uma guerra civil como na Síria ou num país supostamente isolado como
Cuba, também cai bem.
Passo 9
Se,
mesmo assim, tudo isso não der certo você poderá contar com o levante de alguma
armada rebelde ou ainda a ameaça de sanções econômicas ou de “zona de exclusão
aérea” imposta pelos EUA, ONU ou União
Europeia. Até convencer ou derrubar um governo contrário a agenda geopolítica
dos globalistas.
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