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segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Apelo de um (ex) espírita à Federação Espírita Brasileira, por Marcos Villas Boas.

Foto: Ismael Gobbo
Por Marcos Villas Boas
Apelo de um (ex-)espírita para que a Federação Espírita Brasileira mude
Por que deixei de seguir o movimento espírita para seguir Kardec e o espiritualismo?
Este blog foi iniciado em maio de 2017 com o nome “Ciência Espírita” e passou a se chamar “Ciência e Filosofia Espiritualista” alguns dias atrás. Aproveitando para explicar as razões aos leitores, gostaria de contar um pouco da trajetória espiritual que me fez deixar de seguir o movimento espírita para ficar com Allan Kardec e me abrir ao espiritualismo.
Há 2 anos comecei as leituras espíritas, como muitos fazem, pelo livro Nosso Lar, do espírito André Luiz, psicografado por Chico Xavier, e fiquei encantado por aquela e outras literaturas fantásticas devido aos detalhes que nos traziam acerca do plano astral e de como nós, encarnados, somos afetados pelos desencarnados.
Daí advieram várias consequências muito boas e outras muito ruins, as quais merecem uma análise cuidadosada Federação Espírita Brasileira (FEB) e do movimento espírita de um modo geral, pois, segundo constatei, se repetem frequentemente.
O espiritismo me fez descobrir textos magníficos produzidos pelo grande estudioso Kardec, que buscava compreender o mundo dos desencarnados e suas relações com os encarnados numa perspectiva eminentemente científico-filosófica, e não religiosa no sentido tradicional, como ele fez questão de deixar muito claro na Revista Espírita e no livro, pouco lido, “O espiritismo em sua expressão mais simples”.
Kardec estudava de tudo: os gregos antigos, as diferentes religiões da época, ia atrás de todo tipo de manifestação mediúnica etc. Se vivo hoje, é indubitável que ele estaria frequentando e buscando compreender todos os fenômenos espirituais, assim como colhendo conhecimento dos espíritos, em todas religiões e filosofias espiritualistas que surgiram depois, como a umbanda e a teosofia. Kardec não era conservador, não tinha amarras. Para ele, interessava buscar mais saber.
O espiritismo me deu conhecimentos interessantes sobre energia, vibração, a importância da oração e vários outros assuntos. Com isso, minha mediunidade foi ganhando mais corpo e, com o aumento da sensibilidade, vêm consequências agradáveis e desagradáveis, imperando as primeiras ou as segundas de acordo com o nível vibratório que cada um consegue manter.
Se a pessoa tem um bom autoconhecimento, se fez análise ou autoanálise, se estudou sua psique, ela tem boas chances de manter um alto padrão vibratório. Do contrário, não há religião que, por si só, deixe a pessoa no seu melhor e em paz consigo. Aliás, muitas vezes, o tom moralista e limitador das religiões causa exatamente o efeito oposto.
Um dos problemas é que o espiritismo de Kardec, apesar de trazer um conhecimento muito bom para entendermos a vida de forma mais ampla, ajudando a avançar em diversas questões ocultas fundamentais da vida humana, tem pelo menos 150 anos. Como o próprio codificador do espiritismo dizia, seria preciso que aquele conhecimento acompanhasse os avanços científico-filosóficos, o que, de um modo geral, não foi feito. A Psicologia, por exemplo,mal existia quando Kardec desencarnou em 1869. Freud tinha 13 anos e Jung nasceria 6 anos depois.
Inúmeros aspectos da obra de Kardec, apesar de fazerem sentido racionalmente, começaram a deixar de manter coerência ou se mostraram superficiais com o aumento de complexidade do conhecimento humano, o que era evidente que aconteceria.
A escala espírita, por exemplo, que estabelece graus de um modo bastante linear e superficial, colocando uns espíritos como superiores aos outros, é veementemente criticada por diversos desencarnados sábios, como se vê no diálogo abaixo:
Muito do que está hoje em livros psicografados e diálogos gravados com espíritos sábios atualiza de forma estrondosa o que estava em Kardec ou em Chico Xavier, não sendo isso nenhum demérito para eles. O conhecimento é assim e sempre será. Tudo está em movimento e progride, já dizia uma das leis herméticas quase 5.000 anos atrás. É curioso como não se fala, por exemplo, em hermetismo no meio espírita.
O espiritismo veio, sobretudo, como uma reinterpretação espiritualista do cristianismo, para redirecionar, no mundo ocidental (frise-se!), especialmente a Igreja Católica e a Igreja Protestante, que disputavam ferrenhamente o domínio religioso nos países do Ocidente.
O espiritismo era e continua sendo praticamente desconhecido em todo o lado oriental, e eles são muito mais avançados em termos de espiritualidade e interessados no tema há bem mais tempo do que os ocidentaisem geral.
Textos da filosofia espiritualista oriental datam de muito antes de Cristo, como aqueles referentes aos ensinamentos de Hermes Trimegisto,Lao-Tsé, Confúcio e Siddartha Gautama (Buda). O conhecimento sobre os chakras, por exemplo, existe lá, com riqueza de detalhes, há muito tempo. Os espíritas, contudo, de um modo geral, desconhecem essa literatura, assim como eu a desconhecia em grande parte até mais ou menos 1 ano.
Lê-se muito mais o Evangelho segundo o Espiritismo, por conta da prática do evangelho nos centros espíritas e nos lares, e lê-se alguns livros soltos de Chico Xavier. É a tradição religiosa imperando, até porque o evangelho é a reinterpretação dos sábios desencarnados acerca de trechos da Bíblia.
Participei também de diversos grupos de whatsapp e em Facebook com espíritas, nos quais pude perceber, em curto espaço de tempo e com clareza, como muitos são fechados, ao contrário do que pensam e propagam, e tão ou mais conservadores do que outros religiosos.
Quando falta o autoconhecimento e a consciência é pouco aberta, é natural que se acredite fazer algo que não se faz, sendo o discurso bem distinto da prática, que nega os princípios das própria doutrina tão ferrenhamente defendida.
Ao afirmar algumas vezes que seria importante para os espíritas estudarem a teosofia, nas obras brilhantes de Helena Blavatsky e Annie Besant, autorasestudiosas que se debruçaram profundamente sobre as religiões e sobre o espiritualismo universalista, foi-me dito por espíritas que não poderíamos fazer isso se não lêssemos toda a obra de Kardec com cuidado primeiro.
Dizer algo assim é como falar que não devemos estudar Jung, porque primeiro precisamos conhecer tudo de Freud com cuidado,indicando um fanatismo inconsciente e um pensamento que tende a ocasionar uma limitação de conhecimento assustadora.
Assim como Jung atualizou e corrigiu Freud, o conhecimento teosófico, umbandista e outros atualizam e corrigem Kardec em diversos pontos, e isso não faz Kardec nem o espiritismo menores de forma alguma, a não ser para os guiados puramente pelo ego, que acham sua religião melhor do que as demais e impassível de equívocos.
A imensa maioria dos espíritas acredita que o espiritismo é o “Consolador Prometido” que veio para unificar todas as religiões, e que não demora para isso acontecer. Já acreditei nisso e sinto-me arrependido hoje, mas não me culpo, pois a culpa é um sentimento denso e aprender faz parte do nosso processo. Todos aprenderemos, mas cada um caminha em seu tempo, de modo que o respeito por nós e pelos demais é essencial.
O mestre ascensionado Serapis Bey lembra bem, no final do vídeo abaixo, que o espiritismo é um conhecimento importante e que as obras de Kardec servirão como ricas fontes de estudo por um bom tempo, mas é só isso. Os livros espíritas são mais uma fonte, muito relevante, mas, ainda assim, uma dentre tantas outras:
Os próprios espíritos idolatrados por muitos espíritas tiveram diversas outras encarnações nas quais atuaram em outras religiões ou filosofias. Há certo consenso, e isso é dito por diferentes espíritos sábios, que São Francisco de Assis foi João, o Evangelista, importante codificador da Bíblia, e veio a ser depois o mestre da grande fraternidade brancaKuthumi, atual “governante do planeta”, que passou sábios ensinamentos em vídeo recentemente publicado no programa Diálogo com os Espíritos:
A FEB e o movimento espírita de um modo geral poderiam se abrir para os outros conhecimentos, em lugar de permanecerem limitados e repletos de ilusões. Ao pedir a uma amiga espírita recentemente para que me ajudasse a dar palestras em centros espíritas, ela disse que não poderia me ajudar, pois não concorda com minha postura “multifacetada” e acha que só se deveria falar de espiritismo em centros espíritas. A que ponto chegamos? Kardec concordaria com isso?
O pensamento espiritualista mais avançado se baseia no conhecimento, existente há muitos séculos, desde bem antes do espiritismo, sobre autoconhecimento, automelhoramento, despertar da consciência e transmutação de energias, emoções e sentimentos, conhecimento este utilizado por Jung para construir a sua psicanálise. Em tempos de transição planetária, é preciso falar de alquimia, Saint Germain, ego, self (Eu superior), ilusões de Maya, agregados de Buda e vários outros temas pouco lembrados pelos espíritas.
A brilhante série psicológica de Joanna de Angelis recorre à ciência e à filosofia mais atuais, remetendo em diversos momentos a conhecimentos orientais, porém ela é pouco conhecida entre os espíritas e tida por uma leitura difícil. Claro que é. Não obtendo o conhecimento prévio necessário para entendê-la, parece incompreensível.
Os livros dessa série de Joanna, psicografados por Divaldo Franco, desenvolvem a Psicologia Transpessoal e são um marco em termos de autoconhecimento e despertar da consciência, dois temas muito mais comuns e profundos nas filosofias espiritualistas orientais do que no espiritismo, que tem uma ideia de reforma íntima ainda pouco aprofundada.
Como os religiosos tradicionais, muitos espíritas cansam de falar em amor, humildade, caridade, tolerância, paciência etc., mas não compreendem bem esses sentimentos e sua prática, nem os efetivam. Hoje percebo como compreendia superficialmente esses sentimentos e com uma visão moralista quando estava muito preso às obras espíritas.
Outro ponto é que, além de os espíritas em geral pregarem essas máximas de uma forma genérica e superficial, não há uma busca das casas por conhecerem detalhadamente cada espírito encarnado e desencarnado que ali frequenta, pois pessoas com diferentes características não podem ser tratadas de modo igual.
Os tratamentos espíritas não funcionam muitas vezes por conta disso. O atendimento fraterno nos centros invariavelmente manda a pessoa fazerdesobsessões, tomar passes, beber água fluidificada, fazer a reforma íntima, o evangelho do lar, ler Kardec e Chico Xavier.
Tudo isso é muito bom, mas quais as energias que regem aquela pessoa? Quais estarão imperando em cada momento? Como parece se expressar a sua essência, ou self, ou Eu Superior? Como seu ego se apresenta agora e quanto está distanciado do self? Tudo isso é, em regra, deixado de lado, em detrimento, muitas vezes, de pregações de cunho religioso mais tradicional: “meu irmão, reze para Deus, nosso pai, que o amor de Jesus Cristo tudo resolve”.
Mapa astral, numerologia, uso de oráculos, consultas com espíritos da luz; tudo isso, quando feito em locais sérios, em busca de autoconhecimento, automelhoramento e ajuda ao próximo, ao invés de busca por satisfazer curiosidades sobre o passado e o futuro, pode ajudar imensamente as pessoas a encontrarem seu melhor, os caminhos que tinham previsto seguir antes de encanarem, tornando-as, então, finalmente plenas, pondo fim às ansiedades, angústias, medos e depressões.
Quando estava muito focado no espiritismo e, sobretudo, quando não tinha aprofundado em Kardec, não percebia nada disso. Ficava envolto por noções religiosas, que remontam mais ao catolicismo tradicional do que ao espiritualismo.
Via pessoas palestrando em centros espíritas e falando mal da Umbanda e dos evangélicos, apesar de elas mesmas se dizerem abertas a tudo e amorosas. Achava tudo aquilo estranho, mas não tinha base de conhecimento teórico, nem experiencial para questionar.
Somente depois de frequentar outros locais, ainda que inicialmente repleto de moralismos incutidos pelo movimento espírita, é que pude começar a me desfazer de algumas ilusões e limitações que prendiam meu ego e me faziam viver muito pior do que poderia. A umbanda me ampliou imensamente a consciência!
Continuo me considerandoum kardecista, enquanto estudioso do espiritismo, sobretudo de Kardec, mas, na mesma linha do que disse o médium Roberto Barbosa em estudo realizado com ele e com o Dr. Fritz nele incorporado, não posso seguir o movimento espírita com suas restrições a todas as técnicas de cura que surgiram nas últimas décadas, mas que são rechaçadas por não estarem na obra de Kardec. Segue link para o vídeo mencionado:
Assim como espírita, considero-me teosofista, budista, umbandista,yogi e adepto de todas as demais linhas espiritualistas que possam me ajudar e ajudar o próximo, pois não preciso de algo que me limite.
Somos todos obras e partes de Deus. Os nossos limites são colocados por nós mesmos. Sobretudo quando pautados no amor incondicional, que é pura abertura e conexão com tudo e todos, não faz sentido se fechar numa doutrina. Daí vem o apelo à FEB e ao movimento espírita de um modo geral.
É preciso tomar cuidado com aventureiros, com místicos sem embasamento, com aqueles que têm fins meramente individualistas e deve-se, sim, ter uma institucionalização do movimento; mas, ele não pode se tornar tão engessado que prejudique os seus objetivos maiores: autoconhecimento, automelhoramento e ajuda ao próximo que lhe dê plenitude e autonomia, não o deixando dependente de religião, nem de centros, nem de ninguém.
Controles demais, regras demais, poder demais na mão de alguns poucos, fechamento excessivo, repetição dos palestrantes e dos temas, falta de transreligiosidade, busca por adeptos, tentativa de converter pessoas; tudo isso tem dificultado a própria difusão e efetividade prática do espiritismo nas consciências das pessoas. Quando o espiritismo se abrir conforme Kardec propôs, crescerá muito mais.
Evidentemente, diversos espíritas, como o próprio Roberto Barbosa acima citado, são exceções, ainda que minoria, e este texto não é uma crítica ou um julgamento dos demais, mas uma amorosa proposta de reflexão. Muitos desses que são minoriativeram que manter suas casas, por todo o Brasil, fora da FEB, pois esta não tolera em seus quadros centros com tratamentos reconhecidamente exitosos como reiki e banhos de ervas, por estarem“fora dos padrões doutrinários”.
Perguntem, dentro de centros espíritas, a quaisquer espíritos de maior sabedoria se o reiki, os banhos de ervas, os cristais, a cromoterapia e outras terapias espiritualistas não ajudam na cura. Dificilmente haverá um que será contrário ao seu emprego nos tratamentos dos necessitados dentro dos próprios centros.
Como já disse neste blog, no Grupo Espírita Francisco de Assis (GEFA), localizado em Groaíras/CE, onde tive a honra de servir por curto espaço de tempo, trabalham espíritos de freis e padres que ficaram renomados na história, pretos velhos, caboclos, exus, espíritas, extra terrestres etc. São usadas práticas espíritas, como o evangelho e a água fluidificada, mas também cirurgias espirituais, banhos de ervas, cromoterapia e técnicas especiais de desobsessão, havendo uma grande e rara efetividade no tratamento de casos muito complexos.
Uma casa como essa, com tanto a compartilhar em termos de cura, não pode fazer parte da FEB, o que a isola de todas as demais e dificulta a difusão das técnicas que podem até salvar vidas.
Outra estranheza é que há pouca comunicação com desencarnados nos centros espíritas em geral para efeitos de estudos científico-filosóficos, muito menos para estudos que avancem na doutrina espírita. As comunicações, em regra, se resumem às mesas de desobsessão e às mensagens psicografadas.
Toda a codificação espírita foi elaborada com base na oralidade, em estudos de perguntas e respostas junto com os desencarnados, porém hoje se entende isso muitas vezes como algo errado no movimento espírita.
O programa Diálogo com os Espíritos, produzido desde 2012 pelo dedicado Jefferson Viscardi, é um marco na história do espiritualismo. Ele conversa com diferentes espíritos sábios, por meio de dezenas de médiuns que, em geral, não se conhecem entre si e localizados em distintas partes do Brasil e de outros países. Nunca houve um trabalho tão próximo daquele feito por Kardec na humanidade. Não ficaria admirado se o espírito Kardec fosse mentor do trabalho.
Recentemente, após 700 diálogos já publicados, estão sendo postados estudos com alguns dos mestres ascensionados, como Hilárion, Ananda, SerapisBey, El Morya Khan e Kuthumi. Não faz sentido esses diálogos não serem detidamente estudados e debatidos pelo movimento espírita.
Por que tantos espíritos dedicariam tempo gravando para esse programa? A sabedoria das mensagens, de um modo geral, é inquestionável, de modo que, independentemente do nome do espírito, não dá para negar o nível de elevação dos que participam do programa. 
O espiritismo traz um conhecimento belíssimo e de grande valia para a humanidade. É preciso, numa atitude de amor e humildade, colocá-lo lado a lado com os demais, buscando uma maior inter-relação para efeito de aprendizado de todos, espíritas e não espíritas. Nesse sentido, a FEB é o órgão mais indicado para iniciar as mudanças que poderiam ser feitas.
Manter a segregação entre o espiritismo e as demais religiões e filosofias espiritualistas parece cometer erros muito semelhantes aos do passado religiosos da humanidade, mas pensando que se está fazendo muito diferente.
Torçamos todos para que possa haver uma maior integração entre os espiritualistas e para que, assim, a palavra dos espíritos sábios possa ser levada com mais rapidez a um maior número de pessoas, fazendo com que seus ensinamentos despertem mais consciências de modo a realizar a transmutação de vibrações de que o planeta carece neste processo de tra

Um comentário:

  1. Concordo plenamente com sua visão. Pois já havia reparado há muito tempo esta situação no espiritismo. Anos atrás eu era umbandista, hoje sou umbandista universalista (estudo de tudo), e me sinto um espírito livre.

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