Enviado por Andre Araujo ter, 09/01/2018 - 17:26
O Marquês de Pombal e as eleições de 2018
por André Araújo
Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal, foi o
estadista português que restabeleceu a autoridade do Estado em Portugal,
o que incluía o Brasil, Angola e Moçambique, Guiné, Goa e Macau. O
Império estava em processo de fragmentação de poderes como hoje está o
Brasil. Pombal recentralizou o poder, colocou no seu lugar a nobreza e a
Igreja, foi um poder respeitado, temido, obedecido, de perfil
autoritário, neutralizou a Inquisição e impediu que esse movimento
derivado do Poder eclesiástico mandasse no Estado como vinha fazendo há
dois séculos. Pombal em nome do Rei D.José I passou a governar Portugal
como uma autoridade única e sem concorrência de outras.
Nesse sentido seguiu a linha dos grandes símbolos do Estado nacional
moderno, Armand Louis du Plessis, o célebre Cardeal de Richelieu e
Giulio Mazzarino, seu discípulo e continuador, o Cardeal Mazarin,
homens de Estado abaixo do Rei mas mais poderosos do que o Monarca de
França, o primeiro grande Estado nacional de nossos tempos e modelo para
os demais.
Richelieu, Mazarin e Pombal mostraram como é fundamental o poder
central do Estado estar em mãos únicas e firmes, eliminando poderes
concorrentes ao chefe de governo, os três enfrentaram a ferro e fogo a
nobreza, que queria mandar no Estado acima do Rei.
O Estado centralizado promoveu a prosperidade e grandeza da França,
as nações fragmentadas como a Alemanha e a Itália tornaram-se
ingovernáveis e anárquicas até se recentralizarem tardiamente com
Bismarck e Garibaldi e só depois disso prosperaram.
Pais algum se torna grande na fragmentação do poder, QUANDO TODOS
MANDAM NINGUÉM MANDA, regra de ouro de milênios de História, estão à
vista os desastres dos regimes fracos.
O Brasil está em processo de perigosíssima fragmentação com muita
gente mandando e conflitando, um novo Presidente precisa mandar ou será
engolido pelos conflitos.
Países de todas as latitudes conhecem ciclos de fragmentação de
autoridade à espera do Chefe que vai restaurar o poder central. Vargas
em 1937 fez exatamente isso, ao queimar em praça publica as bandeiras
dos Estados quis demonstrar que não existia mais o poder dos caudilhos
locais, todos os governadores, agora chamados de Interventores, eram
delegados do Presidente e subordinados a ele (só em Minas Gerais o
titulo continuou como Governador).
O Brasil desde a redemocratização de 1946 não conheceu o nível de
conflito de poderes que hoje fez regredir a governabilidade de um grande
País ao nível de pequenos países tribais, cada tribo é um poder
autônomo a litigar com os demais, o que leva o País ao caos.
O Judiciário passou a contestar continuamente o poder do Executivo
com revisão sistemática de medidas administrativas, sobre as quais dá a
ultima palavra e também invade o Poder Legislativo criando regramentos
de atribuição do Congresso eleito, o único que pode votar leis.
A Policia Federal opera por contra própria baseada numa autonomia que
ela mesmo se atribui. O Ministério Público atua como quarto poder
quando não existe tal poder no modelo clássico do Estado de Direito,
tanto que Pais algum tem Ministério Público com total autonomia. Nos EUA
todos os procuradores federais são nomeados pelo Presidente sem mandato
e sem concurso e podem ser demitidos a qualquer momento pelo Presidente
sem motivo.
Não há no horizonte sinal de fim desse ciclo de fragmentação que
desponta em um crescendo de anarquia institucional e a transferência do
poder de legislar para os Ministros do Supremo, ao mesmo tempo que o
Executivo não tem mais poder de iniciar obras públicas sem aprovação
prévia do Tribunal de Contas da União, hoje também desgarrado do
Congresso e atuando com uma autonomia que se auto concedeu como se fosse
um poder judiciário autônomo e sem contrapeso, inclusive imune a
investigações sobre seus próprios malfeitos.
A fragmentação do poder faz com que importantes decisões judiciais
que afetam o Brasil sejam tomadas em cortes dos Estados Unidos como se
isso fosse algo normal, enquanto o Departamento de Justiça em Washington
se arroga jurisdição sobre empresas e cidadãos brasileiros relativa a
atos praticados entre brasileiros no Brasil e em terceiros países,
aceitando o governo do Brasil docilmente tal jurisdição extra
territorial e até colaborando com ela. Enquanto isso o projeto econômico
do Brasil é traçado e manejado de Nova York sendo as opiniões dos
fundos e agências estrangeiros os regentes que decidem a economia
brasileira, maneja de fora para dentro como se o Brasil fosse o antigo
Congo Belga do Rei Leopoldo.
O Marquês de Pombal foi Primeiro Ministro de 1750 a 1777, 27 anos de
despotismo esclarecido com enormes realizações, como a grande reforma na
educação, a reconstrução de Lisboa após o terremoto de 1755, a expulsão
dos jesuítas que dominavam a instrução, tornando-a leiga e sob controle
do Estado, desenvolvimento da indústria, regulamentação e grande
impulso à produção de vinhos, transferência da capital do Brasil de
Salvador para o Rio de Janeiro, refletindo a mudança do eixo econômico
no Brasil Colonial. Pombal foi também um dos elos fundamentais na
construção do Brasil, tinha uma visão geopolítica sofisticada e via no
Brasil um grande destino quando poucos em Lisboa tinham esse alcance de
alta politica.
Pombal tinha sido antes Embaixador em Londres, era excelente
diplomata. Sem seu quarto de século de férreo governo em Portugal o
Reino poderia ter sido tomado pela Espanha, o poder antes dele estava
fragmentado entre o Rei, a nobreza (que o detestava) e a Igreja, Pombal
concentrou o poder no Rei e sob o manto real governava em nome do
Monarca.
Com a morte do Rei assume sua filha Dona Maria, depois conhecida como
“A Louca”, que detestava Pombal. Acabou seu cargo e poder com a morte
do Rei D.José I, mas Pombal deixou um Estado em boa ordem, o que
permitiu a bem sucedida transferência da capital do Império para o Rio
de Janeiro em 1816, quando do Brasil também se governava Angola e
Moçambique.
Pombal casou duas vezes, ficou viúvo cedo, com a segunda esposa, a
Condessa de Daun, nobre austríaca, teve cinco filhos e sua descendência
até hoje leva o titulo do Marquesado de Pombal e Condado de Oeiras, é a
família Carvalho de Lorena e Daun. Recentemente o atual Marquês de
Pombal ganhou uma batalha jurídica em Lisboa junto ao Tribunal da
Relação para impedir que terceiros usassem a marca Conde de Oeiras em
vinhos de mesa.
Pombal foi um grande estadista, um exímio praticamente da politica,
com visão e projeto. Suas realizações foram fundamentais para o destino
de Portugal e do Brasil, que nos sirva de exemplo, o Brasil tem raízes
no despotismo esclarecido desse grande governante.
O próximo Presidente do Brasil só governará se recentralizar o
Estado, hoje disperso entre Ilhas de poder auto concedido que geram um
conflito permanente e irresolvível, caberá ao novo Presidente em
fundamental aliança com as Forças Armadas recuperar o poder perdido pela
Presidência sem o qual nenhum grande Estado cumprirá seu destino. Que a
inspiração do Marques de Pombal, tão ligado à nossa Historia, nos sirva
de inspiração e guia.
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