seg, 17/07/2017 - 16:54
Atualizado em 17/07/2017 - 17:07
Jornal GGN - Há alguns dias, a revista Veja divulgou
uma nota informando que a delação premiada de Antonio Palocci tem um
"anexo que entra e sai" exclusivamente dedicado à Rede Globo. O que o
ex-ministro da Fazenda tem a dizer sobre o império erguido pela família
Marinho, que esteve bem perto de quebrar no início dos anos 2000?
Diante de Sergio Moro, em abril passado, Palocci deu uma dica:
poderia colaborar com a Lava Jato entregando negociações que ocorreram
nos bastidores de Brasília para "salvar" empresas de comunicação que,
sem a ajuda do governo, corriam sério risco de quebrar.
Reportagem veiculada pela Record, no domingo (16), mostra que a
Globo se beneficiou da edição da lei 12.996, que abriu uma brecha para
que a emissora pudesse pagar parte da dívida que tem com a União, com
100% de desconto em multa. Ou seja, o grupo devolveu R$ 1 bilhão
referente a impostos sonegados aos cofres públicos, mas deixou de pagar
outro R$ 1 bilhão em multa, diz a matéria.
Palocci poderia, entre outros pontos, revelar a eventual pressão
exercida pela Globo para conseguir essa janela e se beneficiar do não
pagamento de multas.
Ainda segundo a reportagem, o governo passou a investigar a Globo,
através da Receita federal, em meados do ano 2005. As autoridades haviam
descoberto o esquema da emissora para comprar direitos de transmissão
de grandes eventos esportivos da Fifa sem pagar nenhum imposto no
Brasil.
A "operação fraudulenta" acontecia através da empresa com nome
Empire, que a Globo abriu em um paraíso fiscal para adquirir os direitos
de transmissão. "Assim que a Empire ficou com o direito da Copa do
Mundo, ela foi dissolvida e transferiu os bens para a Globo. Só com essa
manobra, Globo deixou de pagar R$ 170 milhões em impostos no Brasil."
A Receita chegou a acusar a Globo de simulação, multou em 150%
sobre o valor do imposto sonegado e pretendia processar a emissora
criminalmente. À época, o valor devido em multa e juros passava dos R$
615 milhões.
Mas às vésperas do processo ser entregue ao Ministério Público, uma
funcionária da Receita que estava em férias furtou o processo. Ela foi
condenada a 4 anos, mas não passou uma semana na cadeia. Teve habeas
corpus do Supremo Tribunal Federal. Hoje, ela, que mora em um condomínio
luxuoso no Rio de Janeiro, responde em liberdade, diz a reportagem da
Record.
O veículo ainda mostrou os negócios da Mossak Fonseca e abordou a
pressão sobre os procuradores da Lava Jato para não aceitarem a delação
de Palocci sobre a Globo.
Na sentença em que condenou Palocci a 12 anos de prisão, Sergio
Moro deu um sinal de que a delação não deve ser negociada, afirmando que
a promessa de cooperação mais parecia uma "ameaça", um recado àqueles
que podem ser atingidos, para que dessem um jeito de ajudar o
ex-ministro.
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