Por
que governo Temer satisfez tão rapidamente os desejos de Washington?
Como Moro obteve tantas informações estratégicas? Elementos para
investigação futura
Por Fernando Marcelino
O
golpe institucional em curso no Brasil não é de fácil compreensão.
Notícias discorrem diariamente sobre a turbulência política que toma
conta do país, mas muito pouco se elucida sobre os reais interesses em
jogo. Neste b 4 reve artigo debato sobre o que parece estar sendo
negligenciado: a ação dos Estados Unidos contra os interesses do Brasil
por meio da Operação Lava-Jato e o governo Temer.
O
Brasil passou a ameaçar cada vez mais os interesses norte-americanos
por seu maior protagonismo em nível global (ONU, BRICS, IBAS, FAO, OMC,
Banco dos BRICS, maior autonomia em torno dos interesses nacionais com
países da Europa, Oriente Médio, África e Ásia) e regional (Mercosul,
CELAC, UNASUL, entre outros). Também passou a destoar dos interesses
norte-americanos a política de conteúdo nacional e a reaparelhagem do
setor de defesa nacional, desmontada durante a década de 1990. Assim
como os Estados Unidos sabotaram o governo Vargas na década de 1950, o
governo Geisel na década de 1970, o governo Lula e Dilma também
despertou a ira dos Estados Unidos ao encaminhar um projeto – leve e
incipiente – de soberania e desenvolvimento nacional no Brasil.
No
tabuleiro mundial, o golpe institucional em curso no Brasil desde 2016
faz parte de uma estratégia dos Estados Unidos para derrotar governos
progressistas da América Latina, saquear riquezas e repactuar toda a
América Latina para uma estratégia de contenção da China e da Rússia. O
que estava em jogo ao articular o golpe institucional era abortar uma
possível transformação geopolítica regional e global com a recente
ascensão do Brasil, reverter as políticas de defesa das empresas
nacionais e promover a abertura aos bens e capitais estrangeiros, inclusive para explorar o petróleo do pré-sal.
Pré-Sal
A verdade é que o Brasil começou a emergir como uma ameaça à hegemonia dos Estados Unidos na América Latina. E com o Pré-Sal, tratava-se
da possibilidade real dos possíveis 300 bilhões de barris de petróleo
viesse a aumentar a inserção internacional do Brasil, se transformando
numa potência na América do Sul. A descoberta do Pré-Sal foi vista como
uma ameaça aos interesses norte-americanos de tal forma que rapidamente
foi reativada a IV Frota de sua Marinha dos EUA, passando a ter navios
patrulhando o Oceano Atlântico.
No
início de 2013, ocorre o vazamento de informações da NSA (Agência de
Segurança Nacional) pelo seu ex-técnico Edward Snowden, comprovando que o
governo norte-americano espionava centenas de membros do governo
federal, do Itamaraty, da Petrobrás e até cidadãos comuns. Veio a tona
que a NSA e a CIA desenvolveram uma espionagem sistemática em Brasília
por meio de uma pequena ilha de colonização britânica chamada Ascensão, a
cerca de 2,5 mil quilômetros de Recife (PE). De lá os técnicos da NSA
coletaram e roubaram informações consideradas estratégicas, tendo
capacidade de interceptar cerca de dois milhões de mensagens por hora,
inclusive conversas telefônicas, e-mails e posts em redes sociais. A
ilha abriga estações de interceptação de sinais (singint) do programa
Echelon, um avançado sistema de inteligência que monitora em tempo real
as comunicações de Brasil (principal alvo), Argentina, Uruguai, Colômbia
e Venezuela.
Lava-Jato
Pouco
meses depois, ainda em 2013, começa a Operação Lava Jato. Levantando a
bandeira “contra a corrupção sistêmica”, implantou-se o caos políticos
que levou ao afastamento da presidente Dilma, o desmonte da Petrobrás,
das grandes empresas de engenharia nacional e do projeto de modernização
da defesa do país.
Do
nada aparece Sérgio Moro, um juiz de primeira instância com um volume
enorme de informações sobre a Petrobrás, logo depois dele ter
freqüentado cursos no Departamento de Estado os Estados Unidos em 2007,
ter realizado em 2008 um programa especial de treinamento em Harvard na
Escola de Direito e, em outubro de 2009, ter participado da conferência
regional sobre “Ilicit Financial Crimes”, promovida no Brasil pela
Embaixada dos Estados Unidos.
Por
meio do Ministério Público, sob o comando do Procurador-Geral Rodrigo
Janot, a Lava-Jato firma diversas parcerias de cooperação internacional
com o governo dos Estados Unidos, ainda pouco elucidadas. Janot e seus
procuradores chegam a participar de eventos no mínimo controversos,
levando informações estratégicas da Petrobrás e da Eletronuclear ao
Departamento de Justiça dos EUA em diferentes ocasiões.
Para
a realização de tal golpe, os Estados Unidos contaram com a colaboração
de diversos atores: o mercado financeiro que passou a promover desde
2013 um ataque especulativo permanente ao Brasil, com medo de uma
política de redução da taxa de juros; associações de empresários como
Fiesp, Febraban, CNI, CNA, Fiesp, entre outras, que articularam uma
greve de investimentos no país; partidos de oposição derrotados em 2014 e
políticos envolvidos em denúncias de corrupção para apresentar pedido
de impeachment; os meios de comunicação liderados pela Rede Globo em
conluio com procuradores e delegados da Lava-Jato para manipular
informações e mobilizar a classe média tradicional contra o governo
Dilma e o PT; o Poder Judiciário – do Juiz Sérgio Moro até o STF –
utilizando-se de expedientes ilegais na Lava-Jato e sempre procurando
legitimar a “legalidade” de todo o golpe; o Ministério Público comandado
por Rodrigo Janot; membros do Tribunal de Contas da União; o próprio
vice-presidente Michel Temer; alguns setores militares, cujo maior
expoente é o General Sérgio Etchgoyen; ONG’s com presença territorial
financiadas por diversos fundos como a National Endowment for
Democracy, USAID, Open Society Foundation (OSF), do bilionário George
Soros, Freedom House, International Republican Institute (IRI), sob a
direção do senador John McCain; entre outros.
Crise no programa nuclear
Além
de Petrobras, a Operação Lava Jato atacou outro pilar da soberania
brasileira ao investigar sumariamente suspeitas de corrupção no setor
nuclear brasileiro. Em 2 de abril de 2015, dois meses após visita do
Procurador-Geral Rodrigo Janot aos EUA, o almirante Othon Luiz Pereira
da Silva foi denunciado e preso, num dos episódios mais sinistros e mal
explicados da Lava-Jato.
Othon
recebeu em 1978 a incumbência de iniciar os primeiros estudos para um
submarino nuclear brasileiro e liderou o Programa Nuclear Paralelo entre
1979 e 1994. Executado sigilosamente pela Marinha, o projeto resultou
no desenvolvimento da tecnologia 100% nacional de enriquecimento do
urânio pelo método de ultracentrifugação. Sem dúvida este é um dos
maiores feitos de inovação da história moderna brasileira. Quando o
Almirante recebe a maior pena na Lava Jato com 43 anos de prisão – na
prática, prisão perpétua, considerando sua idade – é difícil imaginar
crime maior de lesa-pátria. Afinal de contas, não se trata apenas de
inviabilizar o submarino nuclear, mas da sabotagem de todo o projeto
nuclear brasileiro.
O
Brasil tem uma das maiores reservas de urânio do mundo, sendo um dos
poucos detentores da tecnologia do seu enriquecimento. No Rio de Janeiro
estão as mais modernas ultracentrífugas do mundo, principalmente pelo
trabalho da Marinha de Guerra do Brasil. A produção brasileira de urânio
é essencial para o funcionamento de Angra I, Angra II e Angra III, que
está com a construção paralisada e sem previsão de recomeço. Com
Angra III, o Brasil passaria a dominar a produção em escala industrial
do combustível nuclear, o que apenas os países que têm bomba atômica
possuem, além de competir no mercado global.
O
governo dos EUA se especializou em dificultar o desenvolvimento do
programa nuclear brasileiro desde a década de 1950. Agora não é
diferente. O programa nuclear brasileiro passou a ser considerado uma
ameaça aos interesses geopolíticos norte-americanos, especialmente pelo
domínio sobre submarino nuclear, inclusive o casco que estava sendo
desenvolvido junto aos franceses, a produção em escala do combustível
nuclear e a modernização de sistemas de controle e informação.
Cerco à Odebrecht e aos projetos de defesa nacional
Na
verdade, o alvo dos Estados Unidos não é apenas o programa nuclear
brasileiro e o PROSUB, mas todos os projetos estratégicos de defesa
nacional, dentre eles o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras
(SISFRON) do Exército Brasileiro, o FX-2 correspondente à aquisição de
aviões de combate Gripen NG para a Força Aérea Brasileira,
desenvolvimento do satélite geoestacionário em parceria com a França, a
produção de mísseis, sistema de radares, lançadores de foguetes e a
produção de drones. É certo que existe uma grande incerteza sobre a
continuidade destes programas, seja porque a economia está se
esfacelando, seja pela orientação política anti-nacional do governo.
E
o objetivo geopolítico dos Estados Unidos com o golpe não se restringe a
minar a capacidade de projeção do Brasil com o petróleo e a defesa
nacional. A Lava Jato – sempre em parceria com o governo norte-maericano
– também desestruturou todo o setor de infra-estrutura, engenharia e
construção civil do país. Com o avançar da Lava-Jato diversas obras de
grande porte foram interrompidas, inclusive obras em estágio avançado de
execução, como as obras do COMPERJ, a refinaria Abreu e Lima no
Nordeste, diversas ferrovias, e muitos outras. Estaleiros por toda a
costa brasileira vendo sendo fechados, tirando a autonomia nacional na
produção de navios e controle marítimo, cortando milhares de empregos e
levando cidades inteiras ao caos. No início de março de 2017, foi
anunciado que o setor naval demitiu quase 50 mil pessoas em dois anos e
que a tendência é que demissões persistam, diante do plano de
desinvestimento da Petrobrás, da perspectiva remota de novos pedidos de
sondas e plataformas e da suavização das regras de exigência de conteúdo
local na cadeia de óleo e gás definida pelo governo Temer.
Especialmente
no caso da Odebrecht existe um cerco sem precedentes montado pela
Procuradoria Geral da República em conluio com os Estados Unidos. Não foi a toa que o
Departamento de Justiça dos Estados Unidos disse que o acordo com a
Odebrecht deveria servir de “modelo para casos de corrupção no terceiro
mundo”. A
ação nos EUA é parte de um acordo de leniência (espécie de delação
premiada para empresas) que envolve o governo norte-americano, a Suíça e
o Brasil e que prevê o pagamento total de 3,5 bilhões de dólares (quase
12 bilhões de reais) para que as duas se livrem das acusações judiciais
nas três nações. O valor é a maior multa já paga no mundo em acordos do
tipo e um dos trunfos da Operação Lava Jato.
Sob
o manto do combate à corrupção, os interesses geopolíticos dos Estados
Unidos por meio da Lava-Jato levaram ao cerco contra a Odebrecht, que é
considerada a maior construtora da América Latina, com receita de R$ 33
bilhões em 2014, destaque pela diversificação geográfica, com mais de
70% de sua carteira provenientes de contratos no fora do Brasil. Além
disso, trata-se de uma empresa que detém tecnologia sensível em várias
áreas do país como na petroquímica, na área de defesa, no submarino
nuclear, nas telecomunicações, nas construções de hidrelétricas,
construção do míssil ar-ar da Aeronáutica, entre outros projetos. Sua
importância estratégica está ligada com diversos projetos estratégicos
de suprema importância para a projeção soberana do Brasil.
A
Odebrecht participa como integrante da Itaguaí Construções Navais, uma
Sociedade de Propósito Específico formada também pelo estaleiro francês
DCNS e pela Marinha do Brasil e que está encarregada da montagem,
conclusão da fabricação e entrega dos submarinos à Marinha. A Odebrecht
chegou a ter uma força de trabalho de 6.500 trabalhadores em sua Unidade
de Fabricação de Estruturas Metálicas na baía de Sepetiba e em seu
estaleiro de construção de submarinos que tem capacidade de abrigar ao
mesmo tempo dois submarinos em construção.
Interessante
notar que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos só dá grandes
punições por corrupção empresarial em outros países, preferencialmente
quando começam a competir com empresas norte-americanas. Vale lembrar
que as empresas envolvidas na corrupção sistêmica que desembocou na
gigantesca crise de 2008 não sofreram quaisquer punições. Pelo
contrário, ganharam um aporte estatal de centenas de bilhões de dólares
para não quebrarem. Em toda sua história, o governo dos Estados Unidos
nunca deu houve grandes punições para empresas norte-americanas de
caráter estratégico.
O
cerco a Odebrecht só foi de “modo exemplar” por seu importante papel no
desenvolvimento tecnológico na área de defesa, contribuindo na autonomia tecnológica brasileira e das Forças Armadas.
Diante
do avançar da Lava-Jato, a Odebrecht passou a negociar a venda da
Mectron Engenharia, empresa da área de defesa do grupo Odebrecht em
cooperação com a DENEL sul-africana, para a israelense Elbit Systems. Os
ativos estão avaliados em cerca de US$ 50 milhões.
Dentre os principais projetos que estavam sendo desenvolvidos pela Mectron estava a construção do mais avançado míssil da Força Aérea Brasileira, os mísseis
A-Darter, destinados aos caças Gripen NG BR. Outros mísseis como o
MAA-1 e MAA-1B, Antirradiação (MAR) e Antinavio Superfície (MANSUP)
também estão na carteira de projetos da empresa.
No
pacote negociado, também estão sistemas de Rádio Definido por Software
(RDS) e outros sistemas de comunicação, além, claro, de todos os
contratos vigentes da Mectron com as Forças Armadas brasileiras. Nesse
grupo está incluído, entre outros, um contrato de R$ 193 milhões com a
Força Aérea Brasileira, assinado em 2012 e ainda vigente, para a
produção de um moderno e inovador sistema de comunicação entre caças e
torres de comando (projeto Link BR-2)
e outro que inclui o desenvolvimento de computadores de missão para
drones. Na área aeroespacial, o projeto Radar SCP1 de modernização do
Radar A-1 também está no pacote. Os israelenses da Elbit agora terão
controle sobre isso – desde que as nossas Forças Armadas autorizem que
os contratos da Mectron sejam repassados para a Elbit.
Além dos projetos de defesa da Odebrecht, outros
projetos de defesa que tiveram início na última década estão sendo
desmantelados, como o Astros 2020 da Avibras, a nova família de fuzis de
assalto IA-2, da Imbel, a nova linha de radares Saber, os 1.050 novos
tanques Guarani, desenhados pelo Departamento de Engenharia do Exército
pela Iveco, os novos navios de superfície da Marinha, o novo satélite de
comunicações que atenderá às Forças Armadas.
Está
em sério risco também os projetos pioneiros da Embraer (hoje a terceira
produtora de aviões comerciais no mercado mundial), como o Cargueiro
Militar multipropósito KC-390 e os avanços do programa espacial que
estava avançando no sentido de criar uma soberania nacional no
lançamento e operação de satélites estratégicos e militares, como os de
comunicação e de rastreamento de nosso território para acompanhamento de
safras, acidentes meteorológicos e riquezas do subsolo, entre outros.
Isso além de poder aproximar o Brasil do lucrativo mercado de lançamento
de satélites comerciais.
Espírito anti-nacional toma conta da Petrobrás
Após
as manobras da Lava-Jato para desestruturar a Petrobrás, um espírito
anti-nacional tomou conta da estatal com Pedro Parente, presidente
indicado por Temer.
Logo
após o afastamento de Dilma, uma das primeiras leis aprovadas no Senado
(em conjunto com o governo Temer e a inação generalizada das
instituições que deveriam proteger os interesses nacionais) foi a
reformulação da Lei da partilha do Pré-Sal, tirando poderes da
Petrobrás. Com o impeachment, o governo Temer indica o tucano Pedro
Parente para assumir a Petrobrás e realizar um amplo programa de
desmonte, desinvestimento, privatização em fatias da estatal.
Em setembro de 2016 um consórcio liderado pela canadense Brookfield chegou a um acordo com a Petrobrás para
comprar 90% da unidade de gasodutos Nova Transportadora Sudeste (NTS),
em negócio de US$ 5,19 bilhões. O acordo para a venda da NTS, que tem
cerca de 2,5 mil quilômetros de gasodutos no Sudeste do Brasil.
Em
novembro de 2016 a Petrobras aprovou a venda da Liquigás para a
Ultragaz, subsidiária da Ultrapar, em negócio de R$ 2,8 bilhões, o que
eleva fortemente a concentração no mercado de gás de cozinha do país. A
Liquigás operava em quase todos os Estados do país e conta com 23
centros operativos, 19 depósitos e uma rede de cerca de 4,8 mil
revendedores autorizados. Além disso, desde a aquisição pela Petrobrás
da Liquigás em 2004 por US$ 450 milhões da Agip do Brasil, até então uma
empresa da gigante italiana Eni, a Liquigás investiu fortemente em
melhorias e inovações, expandindo sua cobertura para atendimento de 100%
dos municípios dentro de sua área de atuação, além da aquisição de
novos botijões e aplicação de novas tecnologias. Com um lucro líquido de
R$ 114,3 milhões em 2015 (116% superior ao lucro de 2014) e vendas de
1,7 milhão de toneladas de gás por ano, a Liquigás era a empresa que
regulava o preço do GLP no país, permitindo que este seja mais barato
para o consumidor, em especial para a população mais pobre que precisa
do gás de cozinha no seu dia a dia. Com sua venda, a Ultragaz eleva a
fatia de mercado para 46% do mercado nacional.
Entre
os ativos que a Petrobras busca vender, a rede BR Distribuidora é o
mais atraente e valioso. Avaliada em 10 bilhões de dólares, a BR
Distribuidora tem cerca de 7.500 postos de serviços, constituindo a
maior e única rede de postos de combustíveis que atende todo o
território nacional. Além disso, a subsidiária conta com mais de 10 mil
grandes clientes entre indústrias, termoelétricas, companhias de aviação
e frota de veículos leves e pesados. A operação, por metade do capital
votante da empresa, pode alcançar de US$ 5 bilhões a US$ 6 bilhões, e
deverá ser concluída no primeiro semestre de 2017. Diversas empresas
estão interessadas em participar da bolada, dentre eles o Carrefour,
Grupo Pão de Açúcar e a Itaúsa, controladora do Itaú, estão entre os que
receberam as propostas, assim como Blackstone, Brookfield, GP, Advent e
Carlyle.
A
venda de participação acionária da Petrobras na BR Distribuidora foi
suspensa por determinação da 3ª Vara da Justiça Federal. A ação foi
movida pelos petroleiros José Hunaldo Nunes Santos e Fernando Borges da
Silva, ligados ao Sindipetro-Alagoas. Os dois acusam a estatal
petrolífera de infringir a legislação ao planejar se desfazer do
controle acionário da BR Distribuidora vendendo 51% das ações sem
realizar uma licitação.A decisão liminar, que comporta recurso, foi
proferida pelo juiz Edmilson da Silva Pimenta, que acatou a denúncia em
dezembro de 2016. Em fevereiro de 2017 a Justiça Federal do Sergipe
negou recurso da Petrobrás e manteve a suspensão da venda da BR
Distribuidora. Em 31 de janeiro de 2017, decisão parecida da Justiça
sergipana concedeu liminar suspendendo a venda da Petroquímica Suape e
da Companhia Integrada Têxtil de Pernambuco (Citepe) para a mexicana
Alpek por US$ 385 milhões. Entretanto, em 22 de fevereiro o Tribunal
Regional Federal da 5ª Região acatou recurso da Petrobrás e liberou a
venda.
Outras
medidas escandalosas vêm sendo negociadas por Parente, como a venda do
reservatório de Carcará à empresa pública da Noruega Statoil por 2,5
bilhões de dólares, venda de participações nos campos Baúna e Tartaruga
Verde, também na Bacia de Santos, ativos em águas rasas, localizados nos
estados do Ceará e de Sergipe, além de terminais de gás natural e da
termelétrica do Ceará. Todas essas medidas que representam prejuízo não
somente à Petrobrás, mas ao povo e a soberania brasileira.
Outros
interesses norte-americanos que já parecem ganhar espaço no governo
Temer, como a ampliação do poder de suas empresas transnacionais no
mercado local, o controle do Aquífero Guarani, maior reserva subterrânea
de água doce do mundo, a Amazônia, maior floresta tropical cuja fonte
de biodiversidade é praticamente infinita, utilização da base de
Alcântara que é localização mais estratégica do mundo para lançamento de
foguetes, legalização da venda de terras para estrangeiros.
O que está em jogo?
O
interesse verdadeiro dos Estados Unidos é encaminhar o Brasil para uma
situação de caos político, destruição das cadeias produtivas mais
relevantes, perda de capacidade em se projetar no cenário mundial e
fortalecimento de um modelo econômico baseado no dependentismo e no
rentismo.
O
que está em jogo hoje, mais do que nunca, é se o Brasil vai continuar
se jogando numa posição totalmente inconseqüente e subalterna aos
Estados Unidos ou conseguirá superar o calamitoso atual estado de
coisas. É hora de combater a articulação anti-nacional que está levando o
país ao caos com uma ampla aliança nacional e popular, para que o
Brasil se torne uma nação livre, soberana, forte e capaz de avançar rumo
a construção de uma ordem mundial multipolar e multiregional.
Os
conflitos entre nacionalistas – que visam proteger e desenvolver a
nação brasileira – e anti-nacionalistas – comprometidos com a segurança
para os norte-americanos – deve se intensificar. O agravamento das
tensões sociais diante de tal entreguismo, coberto pelo discurso
liberal, só impulsionará a união das forças nacionalistas da sociedade
brasileira. O povo brasileiro aceitará que a lava-jato e o governo temer
e seus correligionários continuem vendendo a Petrobrás, paralisando
empreiteiras, travando a economia e desmontando a capacidade de defesa
do Brasil? O caminho para desenvolver a nação é por meio do arrocho
salarial, a desesperança, o desemprego, a pobreza que cresce, a crise
política? O Almirante Othon vai morrer na prisão?
Nenhum comentário:
Postar um comentário