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segunda-feira, 20 de março de 2017

MIOPIA, por ALEXANDRE MEIRA (Poema)









Entre nós há

o reflexo,


Um fino eixo de simetria,

um silencio entre


o torpe falar alto sublime


à gargalhada na agonia.







O rotineiro,


do perene quase

ao quase sempre o

pouco,

               jazido antes de muito.




Ainda vê o coxo que anda?


Ou o mudo teima em falar?




Nunca haverá


ocaso na aurora,


ainda que o herói tema o tempo,


nada resiste a força dos séculos 

sobre o agora.






Aqui só há milésimos 

entre a flor e o fruto

há no meio,

o som quase bruto,

polido ora se existisse,

            se ao míope ou morto não fosse oculto.



Do saber ao sabor

também há o amargo envelhecer

que estraga a saliva primal da ignorância

e nega o prato cheio da hora de comer.






E o sarcasmo é


não ser piada,






não ouvir riso ou choro,


quando a sede doente


de quem nunca bebeu


da nascente,





fazer brotar nas rugas


justo


a lágrima.




                  Pergunte ao velho

Porque chamam de pura 

a água que morre no chão,

e não a que inunda os olhos

na epifania?


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