Proibição dos partidos. Requisições forçadas de trigo. Criação da
polícia política. Paz desastrosa. Como os equívocos iniciais do poder
soviético contribuiriam para frustrar o primeiro ensaio socialista
Por Eduardo Mancuso | Imagem: Marc Chagall, A Revolução (1937)
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Esta é a segunda de três partes de A Revolução Russa de Outubro de 1917, livro recém-lançado por Eduardo Mancuso. Historiador, colaborador editorial de Outras Palavras, ele soma, à militância de mais de trinta anos pelo socialismo democrático, a capacidade de refletir sobre esta luta, seus avanços e seus erros. Breve e pedagógico, o texto não cede, porém, às simplificações e dogmatismos. É uma provocação útil, tanto aos que querem começar a estudar a experiência soviética quanto a quem deseja rever as polêmicas que a marcaram
Esta é a segunda de três partes de A Revolução Russa de Outubro de 1917, livro recém-lançado por Eduardo Mancuso. Historiador, colaborador editorial de Outras Palavras, ele soma, à militância de mais de trinta anos pelo socialismo democrático, a capacidade de refletir sobre esta luta, seus avanços e seus erros. Breve e pedagógico, o texto não cede, porém, às simplificações e dogmatismos. É uma provocação útil, tanto aos que querem começar a estudar a experiência soviética quanto a quem deseja rever as polêmicas que a marcaram
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Os erros políticos do bolchevismo no poder
Após enfrentar e superar os mitos anticomunistas sobre a Revolução de
Outubro, é legítimo perguntar, à luz da evolução posterior da Rússia
dos Sovietes em União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), se
políticas adotadas pelos bolcheviques depois da tomada do poder
favoreceram ou não o processo de degeneração do primeiro Estado
operário.
Tanto Rosa Luxemburgo como Alexandra Kolontai e Victor Serge (entre
outros marxistas) tinham razão em criticar os bolcheviques pela
repressão ao Krondstadt, a restrição às liberdades políticas, a
proibição dos partidos operários reformistas e das próprias frações e
tendências internas no Partido Comunista. Porém, há uma grande
diferença, um verdadeiro salto de qualidade entre estes graves erros e a
lógica empregada pelo stalinismo, que não estava baseada na extensão da
revolução, mas sim na consolidação de uma elite burocrática
privilegiada.
Enquanto para Lenin, Trotsky e Rosa Luxemburgo, a revolução russa era
só o prelúdio de uma imprescindível revolução europeia (como haviam
dito Marx e Engels algumas décadas antes), não era assim para Stalin,
que considerava seriamente a possibilidade de construir o socialismo em
um só país (e a subordinação de toda a revolução nacional posteror às
necessidades de estabilização do regime da burocracia soviética).
Ernest Mandel considera que as deformações burocráticas iniciais dos
anos 1920, e a degeneração contrarrevolucionária consolidada na década
de 1930, foram causadas fundamentalmente pelas condições políticas e
materiais objetivas da sociedade russa e da situação internacional.
Porém, apoiando-se na crítica precursora e fraterna de Rosa Luxemburgo
aos bolcheviques, assim como no balanço posterior de Victor Serge, ele
reconhece que decisões e atitudes concretas tomadas pelo partido de
Lenin, até a sua destruição pelo stalinismo, influenciaram decisivamente
no processo de burocratização do regime, base objetiva de sua posterior
metamorfose em ditadura totalitária. Coerente com sua origem
trotskista-luxemburguista, Mandel vai desenvolver a análise crítica
sobre os erros políticos dos primeiros anos da revolução com base nos
princípios marxistas da democracia socialista e da autoemancipação da
classe trabalhadora, sem nunca perder de vista o divisor de águas
fundamental entre revolução e contrarrevolução, à luz do julgamento
histórico sintetizado pela frase que Trotsky costumava usar: “um rio de
sangue separa o bolchevismo do stalinismo”.
A proibição dos partidos soviéticos (e das frações e tendências)
Segundo Mandel, o mais grave erro político dos bolcheviques foi a
proibição dos partidos soviéticos após a vitória do Exército Vermelho na
guerra civil de 1918-1920. Trotsky formulou autocriticamente sobre essa
questão um juízo explícito em 1936:
“A proibição dos partidos de oposição produziu a das frações [no seio do partido bolchevique]; a proibição das frações levou a proibir o pensar de maneira diferente do que o chefe infalível. O monolitismo policialesco do partido teve por consequência a impunidade burocrática que, por sua vez, se transformou na causa de todas as variedades de desmoralização e de corrupção.”[1]
É inegável que em 1920 os operários consideravam os mencheviques como
um partido soviético, já que numerosos membros desse partido foram
eleitos em várias cidades, inclusive em Moscou. E isso também era
verdade com relação aos anarquistas, que mantinham influência em algumas
regiões entre os camponeses (como demonstram as tropas lideradas por
Makhno). Sem dúvida alguma, a proibição dos partidos soviéticos e,
posteriormente, das frações no seio do partido governamental (já que
cada fração é um outro partido em potencial) eram entendidas por Lenin e
pela maioria da direção bolchevique como medidas provisórias e
extraordinárias ligadas a circunstâncias particulares, que deviam ser
revertidas quando a situação objetiva permitisse. Como sabemos, a
realidade foi bem diferente. Sobre esse tema, Mandel levanta outra
questão, de alcance ainda mais geral: quais foram as consequências das
teorias formuladas para justificar tais proibições? Ele afirma que, a
longo prazo, estas justificações teóricas causaram mais dano que as
medidas em si. A história do socialismo no século 20 atesta isso de
forma dramática.
A
proibição dos partidos soviéticos pelos bolcheviques e das frações,
tendências e grupos dentro do próprio partido comunista – à qual se
opuseram Alexandra Kolontai, da Oposição Operária, e a Oposição
Centralismo Democrático – expressa uma concepção substitucionista da
construção partidária e do socialismo. Segundo essa concepção
(majoritária também entre social-democratas, com notáveis exceções), a
maior parte do proletariado seria pouco consciente para poder governar.
Essa convicção colidia frontalmente com a experiência histórica da
Comuna de Paris, teorizada por Marx e defendida pela Primeira
Internacional. Na sequência, esse ponto de partida levou a conclusão de
que, em lugar da classe operária realmente existente, quem devia
governar e decidir era o partido. Finalmente, chegou-se a formulação de
que o aparato partidário, e inclusive a sua direção ou seu “chefe
infalível”, eram os instrumentos decisivos para mudar a sociedade.
Stalin expressou o conteúdo essencial da teoria substitucionista de
forma brutal e direta: “os quadros decidem sobre tudo”.
Mandel considera que a doutrina substitucionista do partido alimentou
uma concepção verticalista, estatista, paternalista e autoritária do
poder, que levou aos piores excessos e crimes do stalinismo. Nessas
condições, esvazia-se o espaço democrático da classe (os Sovietes e
conselhos populares) do seu componente vital, pois não se assegura o
exercício direto do poder por parte do proletariado e das massas
trabalhadoras. Sem o multipartidarismo real os Sovietes, como parlamento
das classes trabalhadoras, não podem conhecer a democracia. Não podem
escolher e eleger realmente entre diversas opções de política econômica,
social, cultural etc. E na medida em que a supressão da democracia
soviética toma um aspecto repressivo, esta repressão já não contempla
somente a burguesia e os segmentos contrarrevolucionários, mas golpeia
também a classe trabalhadora.
Uma concepção e uma orientação política dessa natureza contrapõem-se
ao que foi a principal contribuição de Marx à teoria socialista da
organização revolucionária: a ideia de autolibertação e auto-organização
do proletariado. Como o próprio Marx escreveu nos estatutos da Primeira
Internacional, a emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios
trabalhadores (e não dos sindicatos, dos partidos, dos governos ou dos
Estados). A classe, enquanto sujeito histórico da revolução, não pode
ser substituída pelos seus instrumentos (indispensáveis, é sempre
importante assinalar) políticos e organizativos. Esses instrumentos são
fundamentais, mas nunca poderão substituir a atividade consciente, a
práxis real das classes trabalhadoras e das camadas assalariadas,
exploradas e oprimidas. Segundo Rosa Luxemburgo, o papel emancipador da
autoatividade da classe trabalhadora não é um “luxo” da democracia
socialista, mas a sua condição histórica.
Mandel salienta que a ideologia substitucionista não pode ser
considerada apenas um “desvio político”, e sim a expressão dos
interesses materiais e sociais da burocracia operária. E por sua vez,
essa ideologia substitucionista justificou politicamente e favoreceu o
processo objetivo de burocratização da Revolução de Outubro.
O comunismo de guerra
A guerra civil e a intervenção das potências imperialistas contra a
Rússia dos Sovietes explicam em parte as origens do denominado
“comunismo de guerra”. Para Mandel, é difícil julgar até que ponto a
política de requisição de trigo – que era a base do “comunismo de
guerra” — por parte do poder soviético, assediado pela contrarrevolução,
era inevitável durante os anos da guerra civil (1918-1920). Porém, é
certo que esta política (sem dúvida, muito importante para garantir o
abastecimento do Exército Vermelho) ameaçava, cada vez mais, romper a
aliança operário-camponesa, que era a base fundamental do poder
soviético.
Esta política levou a um retrocesso pronunciado das forças
produtivas, sobretudo da produção de gêneros alimentícios, o que estava
afundando cada vez mais a economia russa. Mandel menciona que a produção
agrícola, essencialmente de cereais, retrocedeu 30%; o rebanho de gado,
equinos e porcos retrocedeu mais de 20%, e a produção industrial, 60%.
Em troca da mesma quantidade de trigo, o campesinato recebia somente o
equivalente a 5% dos produtos industriais que recebia em 1917-1918. Daí o
rechaço dos camponeses em vender trigo em troca de um papel-moeda que
praticamente não tinha valor. E daí a necessidade do Estado requisitar o
trigo e demais gêneros essenciais.
Essa situação levou a queda absoluta da produção de trigo, e se a
produção de grãos baixava, havia cada vez menos trigo a requisitar. A
isso seguiu-se uma tendência generalizada à especulação e ao mercado
negro. Trotsky, como chefe do Exército Vermelho durante a guerra civil,
comandava um exército composto, basicamente, de camponeses. Viajava
através de todo o imenso país e compreendeu, antes de Lenin e dos demais
dirigentes do partido, que a política de requisições havia chegado ao
limite do suportável para as amplas massas rurais. Por isso, ainda em
1920, no período final da guerra civil, propôs que se adotasse uma nova
política, mas isso foi rechaçado.
Segundo o juízo do historiador Roy Medvedev sobre esta questão, a
tentativa de continuar a política de requisição depois de finalizada a
guerra civil provocou a crise social de 1921, inclusive a deflagração do
levante dos marinheiros de Krondstadt.[2]
Nesse contexto de crise aguda, Lenin propôs emergencialmente, e o
partido aprovou, a chamada Nova Política Econômica (NEP, na sigla em
russo), abandonando as requisições forçadas e liberando o funcionamento
de mercados para a produção camponesa, visando favorecer o
desenvolvimento da pequena indústria privada e, inclusive, buscar
investimentos externos.
Mandel critica alguns teóricos que idealizaram a política de
“comunismo de guerra”, e dirigentes bolcheviques que, fazendo da
“necessidade uma lei”, teorizaram as restrições da escassez, do
racionamento e, inclusive, o retorno à economia “natural”. Ele lembra
que toda a tradição marxista e todo o senso comum do proletariado,
historicamente, argumentam contra qualquer tipo de “comunismo da
miséria”, e que na Rússia soviética esfomeada e destruída após a guerra
mundial e a guerra civil, a política de “comunismo de guerra” não
conseguia alimentar o país, muito menos viabilizar o retorno do
crescimento industrial e agrário.
As negociações de paz
As negociações de Brest-Litovsk foram, para Mandel, outro erro grave
cometido pela maioria dos dirigentes bolcheviques, com a notável exceção
de Lenin, que nesse momento alcançou, talvez, o auge de sua célebre
lucidez política. O atraso para concluir as negociações, fruto da
profunda divisão no interior do partido bolchevique e do seu partido
aliado, os “Socialistas Revolucionários” (SR) de esquerda, radicalmente
contrários à paz em separado com os impérios alemão e austríaco, levou
Lenin à exasperação. Essa controvérsia política estratégica obrigou
Trotsky, na condição de chefe da delegação russa nas negociações com os
representantes dos impérios centrais, a idas e vindas táticas, denúncias
propagandistas do imperialismo e proclamações internacionalistas
dirigidas aos trabalhadores europeus, tentando ganhar tempo nas
tratativas de paz, apostando todas as fichas na insurreição proletária
ou na derrota militar imediata do Reich alemão (frente às potências
ocidentais).
Mandel salienta que havia uma diferença capital entre as condições
propostas pelos impérios centrais durante a primeira fase das
negociações de Brest-Litovsk, iniciadas em dezembro de 1917, e as
arrancadas depois da interrupção das mesmas pelos soviéticos e a
retomada da ofensiva militar pelo exército alemão. As primeiras eram
duras, mas aceitáveis para uma boa parte da opinião operária e
pequeno-burguesa urbana. Já aquelas impostas após a capitulação russa
frente à imparável invasão alemã, foram sentidas como uma humilhação
nacional e uma traição aos interesses internacionais do proletariado por
parte da Rússia soviética. Implicavam o controle da Ucrânia por parte
da Alemanha imperial, e a perda de boa parte do país. As reações
internas foram violentas, provocando a ruptura dos SR de esquerda
(inclusive o atentado contra Lenin) e estimulando as forças
contrarrevolucionárias para guerra civil.
A maior parte do Comitê Central e dos quadros bolcheviques, com
Bukharin à frente, rechaçaram assinar imediatamente as condições de paz
colocadas na primeira fase das negociações de Brest-Litovsk, e assim
como Trotsky, com sua posição intermediária (“nem guerra, nem paz”),
invocaram o sentimento da maioria da população urbana (e as expectativas
no levante do proletariado europeu). Porém, não era esse o sentimento
da população camponesa, muito menos dos soldados de um exército russo em
plena decomposição. E, sobretudo, essas posições não concluíam em
nenhuma alternativa concreta, apenas em palavras de ordem abstratas,
como a derrubada imediata das dinastias imperiais da Alemanha e da
Áustria e a organização da “guerra revolucionária”.
O resultado da negativa em assinar imediatamente a paz após o início
das negociações foi permitir ao exército alemão ocupar novos
territórios, principalmente a Ucrânia, arrancando suas imensas riquezas
da República Soviética. Lenin, que havia previsto esse terrível
desenlace em consequência da divisão no partido, finalmente conseguiu
maioria na direção (com o apoio de Trotsky), e assinou a capitulação,
ainda em tempo de evitar que o exército alemão derrubasse o governo
revolucionário. Mas esse erro político custou muito caro e cobrou seu
preço imediatamente, facilitando as condições políticas para as forças
reacionárias deflagrarem a guerra civil.
O terror vermelho e a polícia política
A questão do terror vermelho, legítimo como instrumento de
sobrevivência física e de defesa da revolução, e a controversa criação
da polícia política do Estado – a Tcheka -, estão estreitamente ligadas
às consequências da paz de Brest-Litovsk e ao início da guerra civil.
Ambas as questões, segundo Mandel, só podem ser entendidas à luz desses
acontecimentos.
Lenin se esforçou para não ter que recorrer ao terror após Outubro.
Apesar da atitude inicial dos bolcheviques, que não procederam a
fuzilamentos e nem execuções indiscriminadas, e inclusive soltaram
contrarrevolucionários presos no processo da tomada do poder,
acreditando que assim “desarmavam” politicamente as forças reacionárias,
isso não se mostrou realista com a evolução dos acontecimentos depois
da vitória revolucionária. Os generais Krasnov, Kaledin e outros
oficiais de alta patente detidos durante a insurreição de Outubro foram
liberados sob a promessa de que se absteriam de toda ação
antigovernamental. Porém, de imediato faltaram com a sua palavra,
tomaram em armas, deflagraram o “terror branco”, causando a morte de
milhares de camponeses e operários apoiadores da revolução.
Depois de sofrer o ataque e a violência dos contrarrevolucionários, o
ambiente político modificou-se radicalmente, e o poder soviético reagiu
rapidamente, percebendo claramente que a ameaça militar das forças da
reação interna, com amplo apoio político e logístico das potências
imperialistas, representava um risco real para a revolução. Segundo
Mandel, até março de 1920, o número total de vítimas do terror vermelho
foi avaliado oficialmente em 8.620 pessoas, enquanto alguns
historiadores avaliaram em mais de 10 mil. Após a derrota dos exércitos
brancos de Denikin e Kolchak, o governo soviético aboliu a pena de morte
durante vários meses (até sua reintrodução durante a guerra contra a
Polônia, que havia invadido o território russo).
A questão da criação da Comissão Extraordinária (Tcheka), para
Mandel, é algo muito diferente da adoção de medidas concretas de defesa
da revolução e da violência inevitável em uma guerra civil. A Tcheka
significava a criação de uma instituição de Estado, um aparato
burocrático permanente de difícil controle (como submeter a controle
público uma polícia política?) que, com o tempo vai acabar por tomar o
lugar da infame polícia secreta czarista (a temível Okhrana).
Os arquivos da Tcheka mostram que desde o princípio, e apesar da
honestidade pessoal de Felix Dzerzhinsky, seu primeiro dirigente, a
“degeneração profissional”, para usarmos as palavras de Victor Serge,
estavam presentes. Membros e informantes da organização desviavam uma
parte de toda fonte de riqueza tomada de especuladores ou responsáveis
por “crimes econômicos” contra a sociedade. Além da dinâmica de
corrupção, a dificuldade de controle político era real, como atestavam
Lenin e Kamenev. Terminada a guerra civil, Kamenev propõe a reforma dos
serviços de polícia e, com o apoio de Lenin, enfrenta a resistência de
Dzerzhinsky e restringe a competência da Tcheka aos problemas de
espionagem, aos atentados políticos e à proteção dos trens e dos
armazéns. Qualquer outra atividade repressiva devia ser incumbência do
Comissariado do Povo para a Justiça. Isso tudo, é claro, mudou
radicalmente anos mais tarde, com o “thermidor” da revolução e Stalin no
poder.
_________________
[1] Trotsky, L. La Révolution trahie. Paris, 1963, p. 75.
[2] Medvedev, R. La Révolution d’octobre. Paris, 1978, p. 210.
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