Depois de três meses na Presidência, Jair Bolsonaro continua se comportando como deputado federal, falando para um conjunto restrito de eleitores. A única maneira de deter a sua queda de popularidade no curto prazo é ele deixar de ser ele mesmo
Jair Bolsonaro (Imagem: Marcos Corrêa | ABr)
O ótimo + bom do Governo Bolsonaro
caiu 15 pontos, o regular aumentou oito pontos e o ruim péssimo
aumentou 13 pontos. A série de dados em três meses mostra o fenômeno da
queda com clareza: o eleitorado deixa de avaliar ótimo e bom, passa pelo
regular e termina no ruim e péssimo.
Confira as últimas pesquisas:
A nova pesquisa Ibope sobre a popularidade do governo Bolsonaro
Pesquisa XP/Ipespe revela aumento da rejeição ao governo Bolsonaro
Pesquisa CNT/MDA revela que brasileiros não deram cheque em branco a Bolsonaro
A nova pesquisa Ibope sobre a popularidade do governo Bolsonaro
Pesquisa XP/Ipespe revela aumento da rejeição ao governo Bolsonaro
Pesquisa CNT/MDA revela que brasileiros não deram cheque em branco a Bolsonaro
Como a queda da avaliação positiva é rápida,
espera-se que por inércia ela continue caindo no próximo mês. Há muitos
motivos para uma trajetória dessa natureza, o principal é que o país
continua em crise econômica e o governo – seu principal comunicador, o
presidente – não “vende” esperança no futuro.
Quando Temer assumiu após Dilma
a sua popularidade subiu em relação à antecessora. Era um sinal de que o
eleitorado tinha esperança em dias melhores. Porém, como não veio a
melhoria, nem o governo se comunicou com a população mostrando que
estava se esforçando para que as coisas melhorassem, a popularidade de
Temer entrou em queda.
Pode ser que Bolsonaro
conheça a mesma trajetória. É importante ressaltar que o Presidente não
compreende o seu papel de comunicador na atual posição, ao menos não
deu sinais que assim o faz. Bolsonaro não fala para a maioria do
eleitorado, não gera esperança em dias melhores e continua evitando as
situações midiáticas espontâneas. Não parece que isso será modificado.
Ele continua se comportando como deputado federal, falando para um
conjunto restrito de eleitores.
O que é uma tarefa difícil, aprovar a reforma da
previdência, ficará mais ainda. Os deputados não vão querer votar a
favor de algo impopular defendido por um governo impopular, liderado por
um presidente sem compostura no cargo.
O beneficiário direto da queda de popularidade do
presidente é o PT, porque disputou o segundo turno com Bolsonaro. Há uma
parcela de eleitores que jamais votará no PT, eles correspondem a 25%
do total. Eles nunca votaram no partido, portanto, não podem ser
classificados como anti-petistas. Eles simplesmente dão sustentação
social, política e eleitoral à direita e centro-direita. O PT é
beneficiário porque volta a ser visto como opção de poder pelos
eleitores de centro, aqueles puco ideológicos e muito pragmáticos, que
não guardam ressentimentos do passado e desejam dias melhores no futuro.
A única maneira de deter a queda de popularidade no
curto prazo é Bolsonaro deixar de ser Bolsonaro, o que implicaria em
buscar o centro, diminuir de forma dramática a taxa de conflito, buscar
zerar os ruídos políticos, procurar agregar, e passar a falar
repetidamente para todo o país para gerenciar as expectativas
(esperanças) dos eleitores. Tudo é possível, mas nem tudo é provável.
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