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segunda-feira, 25 de março de 2019

Enquanto Bolsonaro comemora o “31 de março”, argentinos marcham contra a ditadura, por Cynara Menezes.


Manifestantes nas ruas de Buenos Aires. Foto: Foto Viojf e Vicky Cuomo/Revista Cítrica
Da Redação
25 de março de 2019, 15h45

Enquanto no Brasil o presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro orientou os militares a comemorarem o dia “31 de março” (sic) como data da “revolução”, que é como os saudosistas da ditadura chamam o golpe de 1964, os argentinos foram às ruas em massa neste domingo para lembrar e protestar contra as arbitrariedades do regime militar que se iniciou em 24 de março de 1976 e só acabou em 1983. Além de insistir numa mentira histórica, já que o golpe aconteceu em 1º de abril de 1964 (data rejeitada pelos golpistas porque é o dia da mentira), Bolsonaro estimula seus comandados a celebrar um regime que resultou na tortura e morte de inocentes (inclusive militares) e na repressão dos direitos civis dos cidadãos durante 21 anos.
Isso não é novidade. Desde que era deputado Bolsonaro já comemorava o golpe militar. Mas não deixa de ser curioso que a celebração da ditadura brasileira pelo presidente aconteça no momento em que ele diz lutar contra a “ditadura” e pela “restauração da democracia” na Venezuela.
Se no Brasil as carpideiras do golpe estão chorando para ter a ditadura de volta, os argentinos lotaram a Plaza de Mayo, em Buenos Aires, para lamentar que o regime militar tenha ocorrido no país, deixando cerca de 30 mil desaparecidos. O 24 de março, dia em que começou a mais sangrenta das ditaduras argentinas é o Dia da Memória, Verdade e Justiça no país. Dia em que as pessoas saem para dizer “nunca mais”, para lamentar o golpe, e não para celebrar, como propõe Bolsonaro. Não duvidem que o governo dele faça o mesmo nas escolas do país.
Além de cartazes contra a ditadura, os manifestantes gritaram palavras de ordem contra o governo de Mauricio Macri. “Fora, Macri”, “Macri, lixo, você é ditadura”, era o coro repetido entre os que marchavam. Os manifestantes cobravam do presidente de direita o encarceramento de nomes de oposição, como a líder indígena Milagro Sala, condenada em janeiro a 13 anos de prisão. Como Lula no Brasil e Rafael Correa no Equador, a ex-presidenta Cristina Kirchner também é ameaçada de prisão pela Justiça aparelhada da Argentina. Os manifestantes denunciaram que o poder judiciário tenha se convertido numa ferramenta de perseguição política. Alguém lembrou da Lava-Jato?
Os argentinos que lotaram as ruas contra a ditadura e contra Macri também apontaram o empobrecimento da população trazido pelas medidas neoliberais de seu governo. “Estamos na Praça porque queremos continuar defendendo a democracia, que hoje está em perigo”, diz o documento divulgado pelos organizadores do ato. “Não ter direito ao trabalho, à educação, à saúde e à moradia gera pobreza e fome. Segundo o texto, o programa econômico de Macri é “a pobreza planejada”. Qualquer semelhança com o Brasil não será mera coincidência.

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