Enviado por Andre Araujo sab, 05/05/2018 - 08:39
Por André Araújo
Olavo Egydio de Sousa Aranha Setubal e Walter Moreira Salles foram
dois dos maiores banqueiros do Brasil moderno. Setubal era nobre pelos
três lados, berço, cultura e dinheiro, da família do Barão de Sousa
Aranha, descendente da Viscondessa de Campinas, do Visconde de
Indaiatuba, do Marques de Três Rios, do Marques de Valença, do Barão de
Limeira, do Senador Vergeurio, importante politico do Império. Olavo
Setubal era filho do escritor Paulo Setubal, prestigiado intelectual
brasileiro.
Walter Moreira Salles foi casado com duas das mulheres colocadas
entre as Dez Mais Elegantes das listas famosas dos colunistas sociais do
Brasil e de Paris, a francesa Helene Tourtois e a mineira Elisinha
Gonçalves, sua segunda esposa e mãe dos cineastas Walter e João Moreira
Salles. Mulher politizada que visitou a China de Mao Tse Tung em plena
Revolução Cultural, coisa que poucos ocidentais fariam àquele tempo.
Elisinha tinha um lado cultural que seria considerado hoje “de esquerda”
embora se vestisse com Hubert de Givenchy, o maior nome da alta costura
dos anos 50 e 60.
Walter Moreira Salles era um homem do mundo, cultivado, discreto, o
oposto do novo rico. Embaixador do Brasil em Washington, o cargo
diplomático número um do Brasil, não era um intelectual mas gostava das
artes e de cultura, tinha um espectro politico eclético, tanto que foi
Ministro da Fazenda de Jango, visto como Presidente de esquerda, algo
impensável para um direitista fanático como os de hoje. Moreira Salles
pensava sempre no Brasil e não tinha maior problema com ideologias,
transitava bem nos EUA com Democratas e Republicanos, típico da refinada
politica mineira que opera em qualquer latitude sem perder a fleugma e o
o “fair play”.
Deixou belo legado cultural, a sua famosa casa na Gávea é hoje um
Instituto de arte e bom gosto, e raridade em um banqueiro desse porte,
dois filhos cineastas e não banqueiros.
Esse introito é para dar um pano de fundo da politica de hoje. Se os
Setubal e os Moreira Salles partissem para a defesa ideológica do
capitalismo brasileiro nada seria mais natural, estariam defendendo sua
tradição e seu capital de bilhões de dólares cuja maior parte está no
Brasil.
É da natureza das coisas que os bilionários defendam seu capital, as
famosas “duzentas famílias de França”, os Wendel, os Schneider, os
Renault, aceitaram os alemães nazistas em 1940 para proteger seu capital
histórico atacado pelo Front Populaire, o PT da época.
Tudo estaria na lógica social e histórica. O que não se entende
porque gente que não tem capital em risco, a classe média remediada,
apenas para ficar em um segmento, com notórias dificuldades para educar
bem suas crianças, pagar seu plano de saúde, arrumar emprego razoável
para o filho que sai da faculdade, é difícil entender porque tantos
cidadãos que estão do lado errado do muro da riqueza preferem candidatos
que são a infantaria do capitalismo agressivo, do capitalismo
financeiro rentista.
Por toda a lógica esses eleitores deveriam estar do lado progressista
do muro e não do lado da direita defensora do “status quo”, o que
inclui o domínio dos bancos sobre a economia brasileira, a aliança da
mídia conservadora com as corporações dos salários acima do teto, toda
uma gama de interesses que NÃO estão do lado do povo e sim de
privilégios consolidados dos que não querem abrir mão.
A direita não está ao lado dos 180 milhões de brasileiros que estão
fora da boa vida. O campo da direita trata primordialmente da proteção
dos interesses dos 30 milhões de brasileiros razoavelmente bem de vida e
não está nem aí para os que sofrem nas favelas, nos cortiços, no
desemprego dos chefes de família e dos jovens, na marginalidade, na
carência de moradias com um mínimo de dignidade. A DIREITA CUIDA DE SI e
não do povo, é assim historicamente.
Como então pessoas remediadas votam nos seus algozes, naqueles que
tiram proveito do “status quo” econômico ou dos bons e garantidos
empregos das corporações, isentos de qualquer risco de recessão,
desastre econômico, quebra de empresas, desmanche da indústria,
paralisação de obras públicas e todos os riscos a que os remediados
estão sujeitos?
O POBRE que vota na Direita é um dos grandes mistérios da atual politica brasileira
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