Jornal GGN - Em entrevista ao programa Democracy
Now, nesta segunda (29), o jornalista Glenn Greenwald, do portal The
Intercept, disse que mesmo que o impeachment de Dilma Rousseff (PT) não
pudesse ser classificado como um golpe, o certo é que o produto imediato
desse processo é um "retrocesso democrático", uma vez que a soberania
popular foi desrespeitada e uma agenda que foi rejeitada nas urnas em
quatro eleições consecutivas foi imposta de cima para baixo.
"Há um bando de criminosos removendo essa mulher que foi duas vezes
eleita presidente do País", disse o jornalista. Em outra passagem,
Greenwald avaliou que "esse grupo de Brasilia está literalmente
brincando com as bases da democracia debaixo de nossos narizes".
"Se não é golpe, é no mínimo um retrocesso, de forma que implementa
uma agenda que beneficia um número restrito de pessoas que os
brasileiros nunca aceitaram. Na verdade, rejeitaram constantemente [nas
urnas]", disparou o jornalista.
Greenwald assinalou que na Europa e nos Estados Unidos, a notícia de
que pedaladas fiscais - atraso no pagamento de bancos públicos para
melhorar artificialmente as contas do Tesouro - pode derrubar uma
presidente eleita com 54 milhões de votos é recebida com surpresa,
principalmente porque seria um ato reproduzido por centenas de
governantes.
O jornalista avaliou, na entrevista, que Dilma não caiu por crime
fiscal cuja existência é controvérsia. Ele citou a "tempestade perfeita"
para justificar a queda da presidente: falta de apoio popular, crise
econômica e traições na base parlamentar, os três ingredientes essencias
ao impeachment.
O golpe na democracia foi desferido com ajuda da elite econômica que
quer impor uma agenda "ultraliberal e ultraconservadora" em associação
com a classe política perseguida pela Lava Jato e conglomerados de mídia
que defendem a pauta desses setores.
Greenwald ainda apontou que a maioria da população rejeita o interino
Michel Temer, que precisou se esconder na abertura das Olimpíadas no
Rio de Janeiro, numa tentativa frustrada de evitar vaias. E, por isso,
pesquisas apontam que o ideal para o povo seria a realização de uma nova
eleição. Mas isso não é admitido pelos agentes do golpe, pois o
ex-presidente Lula poderia ser o vitorioso.
O jornalista ainda apontou que o Supremo Tribunal Federal foi uma das
instituições que participaram, sendo omisso, desse processo. Inclusive
com membros trabalhando para livrar alguns políticos das garras da Lava
Jato.
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